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João Gabbardo: No Brasil não podemos falar em pico porque cada região tem curva diferente

Ele disse também que, para ele, prefeitos, governadores e o presidente tem o mesmo objetivo: reduzir o número de óbitos

O secretário-executivo do Centro de Contingência da Covid-19 do Estado de São Paulo, João Gabbardo dos Reis, explicou a importância de não tratar o Brasil de forma única e uniforme no combate ao novo coronavírus devido ao seu tamanho continental.

“Nós não podemos falar em pico porque cada região tem uma curva diferente. No Sul, ela praticamente nem começou. Temos outras regiões que já estão na descendente. O Brasil é muito extenso e tem realidades diferentes mesmo dentro dos próprios estados.”

Em entrevista ao Jornal da Manhã, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde também explicou a alta nos número do Estado na última terça (2): foram mais 327 óbitos e 6.999 casos confirmados em 24 horas.

“Nas terças-feiras sempre acontecem números mais elevados porque, no fim de semana, tem uma redução no nível de informações dos municípios para os estados. Além disso, o número de casos tende a aumentar porque a testagem também aumentou. Isso faz os números crescerem e já era esperado.”

Para João Gabbardo, o plano de reabertura de São Paulo não significa necessariamente uma flexibilização. “É para dar tratamento diferenciado para cenários epidemiológicos diferentes de acordo com a capacidade de atendimento e a incidência do vírus. O plano pode sugerir que medidas intensas sejam aplicadas ou então um afrouxamento das regras com base nesses indicadores.”

São Paulo dobrou leitos

Apesar do alto número de óbitos em todo o país, já são 31.199 mortos, quando relacionado por milhão de habitantes o indicador mostra que o Brasil está melhor do que muitos. “Só não é melhor que a Alemanha.”

Segundo Gabbardo, o Estado de São Paulo tinha 3 mil leitos antes da pandemia — número maior que a França, Espanha e a Itália, países que tem população parecida com o Estado. Na crise, esse número foi dobrado.

“Nós aumentamos a capacidade de atendimento, então temos musculatura para aguentar a demanda. São Paulo não teve mortes por falta de leitos, como aconteceu em alguns estados. Aqui os óbitos ocorreram pela evolução natural da doença, não por falta de assistência.”

Para ele, as medidas de isolamento e distanciamento social ajudaram para que não houvesse muitos casos simultâneos da covid-19, o que poderia fazer o sistema de saúde ruir. “Diminuímos isso em um primeiro momento, esse é o achatamento da curva.”

Polarização é prejudicial

De acordo com o secretário-executivo, uma dos problemas no enfrentamento à pandemia é a polarização radical. “Alguns defendem um isolamento absoluto enquanto não tenha uma vacina e outros acham que a vida tem que seguir normalmente. Não é uma coisa nem outra. Precisamos de um equilíbrio.”

“Nós sabíamos que iríamos enfrentar a pandemia em algum momento e sabíamos que poderíamos fazer isso em melhores condições. Ao contrário da Europa e dos Estados Unidos, nós tivemos tempo para nos preparar. E isso é o motivo da redução no número de óbitos no Brasil”, explicou.

João Gabbardo finalizou dizendo que, para ele, prefeitos, governadores e o presidente tem o mesmo objetivo: reduzir o número de óbitos e aumentar a capacidade de enfrentamento à pandemia. Porém, isso está acontecendo com estratégias diferentes. “Enfrentaremos a pandemia ainda por um bom tempo, mas precisamos ter inteligencia para que aconteça da melhor forma possível — com segurança e menor risco.”

Fonte: https://jovempan.com.br/programas/jornal-da-manha/brasil-tem-varias-curvas-do-coronavirus.html

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