Joana D’arc Félix de Souza é filha de empregada doméstica e de um profissional de curtume, e precisou superar muitas dificuldades até conquistar o PhD em química pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e ganhar como cientista diversos prêmios pelo mundo.
Aos 14 anos, obteve aprovação em 3 universidades. Joana aprendeu a ler sem ajuda e passou fome durante muitas noites, pois o dinheiro para estudar longe de casa era insuficiente. Em seu intercâmbio sofreu com o racismo de colegas, mas conseguiu se manter firme em seus objetivos.
Agora, sua história chegara aos cinemas. Ela será interpretada por Taís Araújo. Sua cinebiografia será produzida pela Globo Filmes. “Foi uma surpresa muito grande. Até então, parece que a gente não valoriza oque é feito. Aí, caiu a ficha: ‘nossa, estou fazendo trabalhados interessantes em prol da sociedade, do meio ambiente, da saúde humana’. É possível vencer na vida através da educação”, disse Joana ao G1.
Nascida em uma família de Franca, interior de São Paulo, no seio de uma família com poucos recursos. Impossibilitada de manter a caçula numa creche, a mãe optou por levá-la ao trabalho. Com apenas 4 anos de idade, a menina passava o dia quietinha enquanto a mãe fazia faxia.
Sem dinheiro e sem saber como seria viver distante da família, já que precisaria estudar em universidade pública fora da cidade, Joana seguiu os conselhos do pai e se dedicou aos estudos com o material emprestado do filho de sua professora. O trabalho de seu pai no curtume, local para tratamento do couro cru, foi o motivador da escolha da graduação. Com 14 anos, Joana foi aprovada na Unicamp, USP e Unesp. Tendo optado por Campinas, São Paulo.
“Foi uma luta enorme. Ainda estavam construindo as moradias, tivemos que pagar para morar em um pensionato. O dinheiro era contado. Meu pai começou a trabalhar à noite para pagar as despesas. O pãozinho que vinha no bandejão era o meu jantar”, relembra.
Joana esteve por 10 anos na Unicamp, da graduação ao doutorado. As publicações científicas possibilitaram o convite para cursar o pós-doutorado nos Estados Unidos. Mas, antes de chegar à Harvard, a professora esteve na Universidade Clemson, na Carolina do Sul. “Foi um ano muito difícil, foram muitas agressões verbais por causa da minha cor. Estava no estado mais racista dos Estados Unidos. Havia frases do tipo ‘negra, volte ao seu país porque você está tomando o espaço de um branco’. Eu tinha medo, mas aguentei firme e forte”, conta.
Hoje, com 55 anos, Joana já tem registrada 15 patentes nacionais e internacionais, com seus alunos, a partir de pesquisas envolvendo, principalmente, reaproveitamento de couro e utilização de pele suína em transplantes realizados em seres humanos.
“Todos nós somos capazes. Tem que querer, tem que ter objetivos, tem que traçar metas para vencer na vida”, afirma a pesquisadora. “Independente da cor da pele, temos que ser fortes, resistentes, enfrentar os problemas de cabeça erguida e sem vitimismo”, completa.
Com informações de G1
Fonte: https://www.psicologiasdobrasil.com.br/joana-brasileira-que-superou-a-fome-para-ser-cientista-premiada-sera-interpretada-por-tais-araujo/