Principal índice atinge os 101 mil pontos, o menor patamar desde 6 de novembro de 2020
Temores em relação a uma nova variante do coronavírus possivelmente resistente a vacinas levam a semana a terminar com aversão ao risco no exterior. No Brasil, o dólar avançava frente ao real na manhã desta sexta-feira (26), enquanto o Ibovespa recuava 3,62%, aos 101.984,52, às 14h13, horário de Brasília – o menor patamar desde 6 de novembro de 2020 (100.925,11 pontos).
No mesmo horário, a moeda norte-americana spot avançava 0,28%, a R$ 5,584 na venda.
A linhagem B.1.1.529 do novo coronavírus foi identificada pela primeira vez em Botsuana, no sul da África, e tem preocupados cientistas por ter muitas mutações que dão vantagens ao vírus. A cepa também foi encontrada na África do Sul e em Hong Kong. Até o momento, não há registros da variante no Brasil.
“O que mais chama atenção é que a variante tem um número grande de mutações, são pelo menos 32. Ela tem várias mutações que nós já enxergamos em outras variantes que foram importantes ao longo do tempo, como a variante Alfa”, explica o virologista Fernando Spilki, pesquisador da Universidade Feevale, do Rio Grande do Sul, em entrevista à CNN.
“Essas mutações não querem dizer que tenhamos uma situação crítica. Precisamos testar, tanto in vitro quanto in vivo quais os efeitos desse acúmulo de mutações, é algo que precisa ser investigado”, acrescenta.
Autoridades britânicas acreditam ainda que essa é a variante mais significativa até agora e correram para impor restrições de viagem ao sul da África, e Japão, República Tcheca e Itália fizeram o mesmo nesta sexta-feira.
A União Europeia também disse que busca suspender as viagens áreas da região. A Organização Mundial da Saúde vai reavaliar uma reunião de especialistas nesta sexta-feira para avaliar a nova variante.
Com isso, as empresas ligadas a turismo e viagens Gol, CVC e Azul eram as maiores quedas em percentual do índice.
Moeda dos EUA
O dólar chegou a saltar mais de 1% frente ao real na manhã de hoje, também acompanhando movimento internacional de aversão a risco em meio ao pânico de investidores com a descoberta de uma nova variante da Covid-19.
Contra uma cesta de seis pares fortes, a moeda norte-americana apresentava perdas de 0,5% nesta sessão, mas isso refletia a forte demanda pelo franco suíço e o iene japonês, componentes do índice do dólar considerados bons refúgios em tempos de incerteza econômica.
Na última sessão, a moeda norte-americana spot encerrou em queda de 0,51%, a R$ 5,565.
Mercados globais
As ações globais despencavam e o petróleo foi abaixo de US$ 80 o barril, com os investidores buscando a segurança de títulos, do iene e do franco suíço.
- Petróleo Brent recuava 11,17%, a US$ 73,04 por barril, às 13h50, horário de Brasília;
- Petróleo WTI caía 12,77%, a US$ 68,38 por barril.
Ao mesmo tempo, o chamado de Índice do medo, o VIX, subiu mais de 52% com esses temores, atingindo o mesmo patamar de fevereiro de 2021, quando a pandemia aumentou e levou a novos lockdowns. O índice é usado para medir a volatilidade das opções de ações do S&P 500.
O cenário pessimista favorece ainda os ativos considerados de proteção do valor investido em situações de crise, já que eles se valorizam ou variam pouco nesses cenários, caso do ouro.
China
No país asiático, uma série de casos locais de Covid-19 levou a cidade de Xangai a limitar as atividades turísticas e uma cidade próxima a cortar serviços de transporte público. Esse movimento refletiu na queda das ações de turismo e as de consumo básico em 1,8% e 0,8%, respectivamente.
Os ativos chineses da bolsa fecharam em baixa nesta sexta-feira (26).
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,74%, enquanto o índice de Xangai caiu 0,56%.
*Com informações da Reuters e Lucas Rocha da CNN