Movimento quer o retorno opcional com até 35% da capacidade das escolas privadas
Um grupo de mães de alunos de escolas particulares, em Bauru, promete fazer um buzinaço nesta quinta-feira (29), das 12h às 14h, em frente ao Palácio das Cerejeiras. O movimento afirma que já possui cerca de 300 pessoas. As mães reivindicam a volta imediata às aulas, desde que o procedimento seja opcional e contemple até 35% da capacidade dos colégios. No final da tarde desta terça-feira (27), houve uma caminhada pela avenida Getúlio Vargas para divulgar o ato, que conta com o apoio do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp).
Uma das organizadoras do Movimento Volta às Aulas Já, Ana Flávia Vasques dos Santos Barbagalo narra que o grupo se formou na semana passada. “As escolas particulares se prepararam muito bem para desenvolver as atividades de acolhimento e reforço. Por que não receber os estudantes em grupos menores para as aulas regulares?”, questiona.
De acordo com Ana Flávia, o grupo tentou se comunicar com o prefeito Clodoaldo Gazzetta (PSDB). “Ele diz apenas que depende do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, mas nós queremos saber quais são os argumentos deste órgão para impedir a volta às aulas ainda em 2020. Além do prejuízo às crianças, não podemos nos esquecer dos pais, que precisam trabalhar e não têm mais com quem deixar os filhos, afinal, poucas pessoas ainda estão em home office”, argumenta.
Diretor regional do Sieeesp, Gerson Trevizani Filho afirma que a entidade apoia a manifestação. “Em várias cidades do País, inclusive, do próprio Estado de São Paulo, as aulas foram retomadas. Em Bauru, tudo está aberto, com exceção das escolas. Não dá para deixar a educação em segundo plano”, justifica.
OUTRO LADO
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde reafirma a sua preocupação com a situação das crianças. “Entende, ainda, que o fechamento das escolas traz consequências para toda a sociedade, inclusive, para a saúde psicológica dos pequenos. No entanto, este retorno deve se dar de forma segura, fato que somente poderá ocorrer quando a situação epidemiológica da região demonstrar os sinais adequados.”
Ainda segundo a pasta, o protocolo da Fiocruz define sete parâmetros considerados seguros para o retorno às salas de aula. “Entre eles, destacam-se dois indicadores globais e específicos: redução da transmissão comunitária ser menor que 1 caso novo por dia por 100 mil habitantes e taxa de contágio no valor de R menor que 1 (ideal 0,5) por um período de, pelo menos, sete dias.”
Bauru, ainda segundo a nota, apresenta estabilização do número de novas ocorrências diárias, porém, ainda em um patamar elevado. “Em 26/10/2020, nós apresentamos 15.289 casos confirmados de Covid-19, com uma incidência de 4.057,40 registros por 100 mil habitantes e coeficiente de letalidade de 1,60%. A média móvel nos últimos sete dias se encontra em 115,1 casos diários, ou seja, 30,58 ocorrências por 100 mil habitantes, fato que representa mais de 30 vezes o máximo preconizado pela Fiocruz para o retorno seguro”, complementa.
SÓ EM 2021
Conforme o JC noticiou no último dia 3, Gazzetta e os demais chefes do Executivo dos municípios ligados ao Pacto Regional decidiram que as aulas presenciais só serão retomadas em 2021.
A deliberação ocorreu após intensas rodadas de discussões, que também incluíram o Comitê de Enfrentamento à Covid-19, em Bauru. “Fazer a população toda voltar a circular pela cidade, neste momento, é um risco desnecessário”, alegou o prefeito da cidade.
O governo estadual permitiu o retorno das aulas presenciais do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA) para o dia 7 de outubro de 2020. O Fundamental, por sua vez, poderá voltar em 3 novembro deste ano. A palavra final, contudo, cabe às prefeituras.