Com mais de 100 milhões de usuários no Brasil, o WhatsApp é um “prato cheio” para a ação de golpistas. Várias formas de fraude vêm sendo identificadas, mas uma delas, que já fez pelo menos 5 mil vítimas no País, tem preocupado as autoridades em Bauru.
De maneira bastante simples, estelionatários clonam o número do celular da vítima e pedem, por meio do aplicativo de mensagens, dinheiro para pessoas próximas a ela, inventando qualquer tipo de motivo urgente. Sem desconfiar de nada, já que o número realmente é de alguém conhecido, o alvo é convencido a fazer a transferência de valores, normalmente por internet banking, em uma conta de terceiro.
Ainda que a Polícia Civil não tenha registrado nenhum caso semelhante em Bauru, o Jornal da Cidade ouviu um especialista em crimes virtuais para ajudar seus leitores a adotarem medidas de segurança disponíveis contra a fraude.
Advogado na área de direito digital, José Antônio Milagre explica que, geralmente, os golpistas clonam o chip da vítima, solicitando a portabilidade em uma empresa de telefonia. “Ele consegue fazer isso por telefone, com o nome e o CPF da vítima”, revela.
A principal recomendação para evitar a clonagem é habilitar a autenticação de duplo fator do WhatsApp. O recurso pode ser acionado dentro do aplicativo em “configurações”, “conta”, “verificação em duas etapas” e, finalmente, “ativar”.
“Com esta ferramenta, toda vez que a pessoa instalar o WhatsApp com seu número em um novo dispositivo, será exigido um PIN, ou seja, uma senha. Assim, o fraudador ainda conseguirá clonar o chip, mas não vai conseguir usar o WhasApp, porque não vai ter a senha”, detalha o especialista.
ALERTAS
Além do PIN, o usuário ainda pode cadastrar um e-mail, onde receberá mensagens de alerta sobre eventuais tentativas de uso do seu aplicativo em outros dispositivos, incluindo celulares ou computadores de mesa. Outra dica é verificar a existência de conexões simultâneas no WhatsApp Web.
“Se a pessoa não reconhecer qualquer uma das sessões ativas, encerre a conexão imediatamente, porque um criminoso pode estar acessando seu WhatsApp por meio de um navegador de internet”, frisa. Também é importante estar atento se algum conhecido avisar que o seu código de segurança mudou, alerta que pode ser facilmente observado pelos amigos nos grupos de conversa do aplicativo.
“Se a pessoa não trocou de celular, pode ser um indício de quem alguém cadastrou seu chip em um outro dispositivo”, pontua Milagre, acrescentando uma quarta dica. “Se o usuário tiver alguma desconfiança de que seus dados estão sendo acessados, a recomendação é apagar imediatamente todo o histórico de conversas”, completa.
Além de ter acesso a conteúdo privado que pode ser posteriormente utilizado pelo estelionatário para chantagear o usuário, o histórico completo permite que o criminoso reconheça quais são as pessoas mais próximas do dono do número, com quem teria mais chances de sucesso ao tentar aplicar o golpe.
Fique atento aos sinais
Quando um chip é clonado, ou seja, quando outra pessoa pede a portabilidade do número da vítima, o celular dela ficará sem sinal. No entanto, o usuário pode demorar para perceber o problema, o que pode garantir tempo suficiente para que o estelionatário concretize a fraude, conforme destaca José Antônio Milagre.
“Há um lapso para a desativação do chip da vítima. Além disso, quando desativa, ela vai demorar para entender o que está acontecendo. Vai desligar e ligar o celular, totalizando um processo que pode levar um dia”, destaca.
Além de orientar a adotar medidas de segurança, o especialista observa que a regra para todos os usuários, se receberem algum tipo de pedido de ajuda financeira pelo WhatsApp, é desconfiar. Para não restar dúvidas, ligue para o número e também tente fazer contato com a pessoa conhecida por um outro telefone antes de fazer a transferência na conta de terceiros.
Fonte: https://m.jcnet.com.br/Geral/2019/01/golpe-do-whatsapp-clonado-preocupa-e-especialista-ensina-como-se-proteger.html?utm_source=Whatsapp&utm_medium=referral&utm_campaign=Share-Whatsapp