A temporada de premiações 2021 continua, agora com o Oscar 2021! A notícia boa é que, neste ano, grande parte dos filmes indicados já está disponível para assistir nas principais plataformas de streaming. Na disputa entre os grandes estúdios, a Netflix saiu na frente com 39 indicações, enquanto a Disney levou 15 e o Amazon Studios ficou com 11. Os grandes destaques da premiação da Academia são ‘Mank’, ‘Soul’, ‘A Voz Suprema do Blues’, ‘Borat: Fita de Cinema Seguinte’, ‘Uma Noite em Miami…’ – mas há muitos outros longas interessantes. Confira onde assistir aos filmes nesta lista, que será atualizada conforme as produções forem lançadas!
Não há dúvidas de que ‘Druk: Mais uma Rodada’, indicado ao Oscar em duas categorias (Melhor Filme Internacional e Direção), cause certo estranhamento num primeiro contato do público brasileiro com a história. Afinal, a trama acompanha um grupo de professores, todos eles amigos há anos, que decide beber doses de álcool antes das aulas. É como um experimento, para entender se aquilo vai aumentar a performance, a alegria e o rendimento. Obviamente, muita coisa sai errado e até temos alguns escapismos para o humor. Mas não adianta: na direção, temos Thomas Vinterberg. Repetindo sua parceria com Mads Mikkelsen após ‘A Caça’, o cineasta busca investigar os dilemas e os problemas do consumo de álcool sem limites — uma questão real na Dinamarca, onde adolescentes bebem e são incentivados a beber desde muito cedo. Não cai em banalidades, tampouco em um drama sentimental qualquer. Em ‘Druk: Mais uma Rodada’, há boas questões sobre vida, masculinidade, ego e escapismos fáceis, sempre com uma atmosfera interessante criada por Vinterberg. SAIBA MAIS
Com 10 indicações, melhor filme, direção, fotografia, ator (Gary Oldman), atriz coadjuvante (Amanda Seyfried), cabelo e maquiagem, trilha sonora, figurino, som e design de produção, ‘Mank’ foi o filme com maior número de nomeações no Oscar 2021. David Fincher acerta novamente e com um filme diferente de outros trabalhos que ele já tinha feito, que é o que se espera de um grande diretor. O cineasta conseguiu capturar a essência de ‘Cidadão Kane’ ao contar a história de sua produção. Quanto aos detalhes técnicos, ‘Mank’ tem uma belíssima cinematografia e é um filme que certamente agradará até os cinéfilos mais criteriosos. SAIBA MAIS
Premiado no Festival de Veneza e exibido no Festival de Toronto, ‘Pieces of a Woman’ foi uma daquelas raras unanimidades sobre sua qualidade nesse circuito de festivais. E não é pra menos. Afinal, este longa-metragem estrelado por Vanessa Kirby (‘The Crown’) e com uma grande atuação de suporte de Ellen Burstyn (‘Réquiem por um Sonho’) acerta em cheio ao falar sobre uma mulher que perde seu bebê e precisa lidar com o luto inesperado. Casamento vai mal, relação com a família se deteriora, ela não consegue sorrir. São diversas as variáveis colocadas com delicadeza na tela pelo diretor húngaro Kornél Mundruczó (‘Deus Branco’), que tem sorte de contar com uma roteirista mulher (Kata Wéber) ao seu lado para a construção desse drama feminino e particular. Uma mistura de ‘Manchester à Beira-Mar’ com ‘História de um Casamento’, que deve fazer lágrimas rolarem sempre que os créditos chegam ao final. Kirby foi indicada ao Oscar por sua atuação. SAIBA MAIS
Tragicamente lindo é uma boa descrição para essa produção, que foi indicado ao Oscar na categoria melhor documentário em curta-metragem. O filme é uma homenagem à Latasha Harlins, uma adolescente de 15 anos que foi assassinada nos anos 1990. A obra é também um alerta. Afinal, o caso aconteceu há quase 30 anos e continua se repetindo com negros morrendo nos Estados Unidos e os culpados seguindo impunes. O ano de 2020 ficou marcado por manifestações em prol das vidas negras e mesmo assim, mortes continuam acontecendo. Latasha Harlins pode não ser sido morta por policiais, mas foi o motivo foi o preconceito, o documentário não deixa de ser um grito de justiça por Harlins, Breonna Taylor, George Floyd , Trayvon Martin, Agatha Félix, João Pedro Mattos e muitos outros (até porque o número é tão grande que seria impossível listar todos) que perderam suas vidas nos últimos anos e não só nos Estados Unidos. SAIBA MAIS
Trafegando no chamado “vale da estranheza”, esta versão de ‘Pinóquio’ causa desconforto. Afinal, o diretor Matteo Garrone (‘Dogman’, ‘O Conto dos Contos’) se afasta totalmente da versão clássica da Disney e abraça de vez a história de Carlo Collodi, com todas as bizarrices que existem nessa jornada do rapaz de madeira. Aqui, assim como vimos em ‘O Conto dos Contos’, o destaque fica para o design de produção, a maquiagem e os efeitos práticos, que surpreendem — assim como a atuação do pequeno Federico Ielapi (‘Funcionário do Mês’), que se destaca com sua inocência e delicadeza. A produção foi indicado a Oscar por melhor figurino e cabelo e maquiagem. O filme está disponível na pré-venda e chega às principais plataformas em 28 de abril. SAIBA MAIS
Que filme mais forte, necessário e doloroso é esse ‘Colette’, curta-metragem produzido pelo jornal The Guardian. De olho nas memórias e na necessidade de relembrarmos o passado para não cometermos os mesmos erros, o curta documental analisa a história de Colette Marin-Catherine, integrante da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial e que perdeu o irmão, morto em um campo de concentração. Agora, aos 90 anos, somos convidados a acompanhar a viagem dessa mulher ao local em que o irmão foi morto. É triste, é profundo, é dolorido. Difícil mesmo de digerir. No entanto, ‘Colette’ é daqueles filmes urgentes. Afinal, assim como a protagonista-título passou o anel do seu irmão para alguém mais jovem, o curta-metragem também pode servir como um aviso e uma lembrança, no futuro, do que já vivemos como mundo. E, quem sabe, não repetimos os mesmos erros. Filme disponível no YouTube, de graça, com legendas em inglês. SAIBA MAIS
Co-escrito e dirigido por Michael Govier e Will McCormack, ambos atores de séries como ‘This is Us’ e ‘Família Soprano’, ‘Se Algo Acontecer… Te Amo’ rodou o mundo em diversos festivais e ganhou o prêmio do júri de melhor curta-metragem de animação no Festival de Cinema de Omaha, nos Estados Unidos. Essa produção é cativante, dura e certeira. Se você não conhece a história, será uma ótima surpresa assistir pela primeira vez. O curta ficou com a indicação ao Oscar por melhor curta-metragem de animação. SAIBA MAIS
Drama dirigido pelo badalado Ron Howard e protagonizado por Glenn Close – que foi indicada ao Oscar por sua atuação e Amy Adams, o longa-metragem ‘Era Uma Vez um Sonho’ é uma das maiores decepções da temporada de premiações 2020-2021. Anteriormente um possível concorrente, cheio de especulações ao seu redor, o filme decepcionou pelo tom tosco de algumas situações e, principalmente, pela falta de potência da história de uma família vivendo à margem da sociedade americana. Isso sem falar do erro de foco do filme, que coloca todo peso narrativa da história no neto, sendo que a protagonista absoluta é a avó. No entanto, para não dizer que ‘Era Uma Vez um Sonho’ é totalmente ruim ou decepcionante, vale dizer que o elenco é arrebatador, com destaque para uma transformada Glenn Close. Poderia, e deveria, ser muito melhor. No entanto, uma pena, ficou no raso. Apenas passável, e olhe lá. SAIBA MAIS
De um lado, ‘A Voz Suprema do Blues’ é daqueles filmes que parecem feitos sob medida para a temporada de premiações. Grandes atores, uma história de superação como sempre vista no Oscar e atuações arrasadoras. No entanto, há algo de especial neste longa-metragem exclusivo da Netflix. Afinal, primeiramente, há a boa e interessante história real sobre a relação entre Ma Rainey, uma das rainhas do Blues, com seu trompetista. É sensacional e, acima de tudo, tem uma musicalidade marcante. Além disso, não tem como não se emocionar com o elenco. Viola Davis (‘Um Limite Entre Nós’) dá tudo de si em cena, criando uma Ma Rainey real, forte e visceral. Enquanto isso, Chadwick Boseman (‘Pantera Negra’) emociona, em seu último grande papel nos cinemas, fazendo um contraponto forte à protagonista. No final, temos um filme que sabe misturar como poucos a emoção das cenas com a musicalidade pulsante do Blues. Boseman levou o Globo de Ouro póstumo pelo filme e foi indicado ao Oscar de melhor ator também. SAIBA MAIS
Sensível curta-metragem de animação da Disney, como parte do selo experimental Sparkshorts. Aqui, com uma animação rústica em 2D, acompanhamos a jornada de um coelho que tenta construir a toca dos seus sonhos. No entanto, no meio do caminho, acaba encontrando vizinhos e atrapalhando o dia a dia de alguns deles. É um curta leve e divertido, como é de praxe nessas produções da Pixar de tempo restrito. Crianças vão se encantar pelo coelhinho e pelos “vizinhos” de toca, enquanto adultos vão passear maravilhados pelos traços inusitados do curta, assim como na história leve e agradável. Não há grandes momentos aqui, tampouco a mensagem é passada de maneira discreta. Ainda assim, é difícil dizer que ‘Toca’ não agrada. Dá, sem dúvidas, para se emocionar nesses curtos 6 minutos de duração. SAIBA MAIS
‘Mulan’ se destacou no Oscar nas categorias técnicas, tendo sido indicado por melhor figurino e efeitos visuais. Este não é um remake live-action da animação de 1998, também da Disney, mas sim uma nova história baseada na lenda da Mulan – uma guerreira chinesa, que se tornou uma das mulheres mais lendárias no país. É importante pensar nisso antes de começar a ver a produção, que nem parece que foi feita pelo estúdio do Mickey Mouse. Não tem músicas e é repleta de sequências de ação, extremamente bem produzidas. Com um leve toque de humor, ‘Mulan’ carrega uma tensão e tom sério, focando em detalhes da cultura da China. Dentre os mais recentes live-actions lançados pela Disney, ‘Mulan’ é um dos mais poderosos, especialmente por deixar a animação no passado, trazer uma narrativa diferente, embora tenha a mesma base que é a história de guerreira chinesa, e mostrar o quão as mulheres são resilientes – e merecem respeito. SAIBA MAIS
O romance ‘Emma’, de Jane Austen, já ganhou diversas adaptações. Nos cinemas, a mais famosa foi a de 1996, com Gwyneth Paltrow, que deu um ar despretensioso na história da garota que quer mandar no casamento de todos ao seu redor. Isso sem falar da versão de 1997, com Kate Beckinsale, e uma minissérie esquecível de 2009. Agora, a clássica história ganha uma releitura moderninha sob a batuta da conceituada fotógrafa e estreante em direção Autumn de Wilde. Bebendo do estilo de ‘Maria Antonieta’, de Sofia Coppola, o filme investe em cores, cenários e fotografia deslumbrantes para dar uma sensação de história mais antenada com a realidade. E isso funciona. A protagonista Anya Taylor-Joy (‘Vidro’) vive uma Emma detestável, como é no livro, mas cheia de camadas. Enquanto isso, Mia Goth (‘Suspiria’) e Bill Nighy (‘Questão de Tempo’) fazem as vezes de escapes cômicos, com atuações divertidíssimas. Fãs das adaptações bucólicas dos romances de Austen podem se decepcionar. É preciso estar aberto às novas experimentações com essas histórias, que já chegaram numa saturação difícil de superar ao longo dos últimos anos. Longa foi indicado ao Oscar por melhor figurino e cabelo e maquiagem. SAIBA MAIS
Com um visual que lembra os clipes mais icônicos do conjunto sueco ABBA, o longa-metragem ‘Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars’ é mais uma daquelas comédias estranhas, mas hilárias protagonizadas por Will Ferrell (‘O ncora’). Fazendo um inusitado par com Rachel McAdams (‘Questão de Tempo’) e dirigido por David Dobkin (do dramalhão ‘O Juiz’), o longa-metragem busca fazer piada com uma dupla de músicos estranha e curiosa que entra em um concurso musical global. É um filme desconfortável, muito por conta das dezenas de situações vergonhosas, lembrando o besteirol ‘Escorregando para a Glória’ ou até mesmo o já citado ‘O ncora’. No entanto, vale ressaltar que o filme também conta com momentos interessantes da tal competição, que devem resgatar um público mais afeito à longas musicais e com emoções à flor da pele. Uma grande surpresa o reconhecimento da música “Husavik”, que ficou com a nomeação a melhor canção original no Oscar 2021. SAIBA MAIS
Christopher Nolan é fascinado pelo tempo. Falou sobre a confusão mental entre dia e noite em ‘Insônia’, mergulhou no tempo próprio dos sonhos em ‘A Origem’ e, ainda, quebrou a lógica do tempo-espaço em ‘Interestelar’. Agora, em ‘Tenet’, ele brinca com o caminhar do relógio como nunca antes. Assim como o próprio título pode ser lido de trás pra frente, toda a trama tenta seguir a mesma lógica com um filme “dois em um”: além da trama linear e tradicional, ainda encontramos uma outra história desavisada, vinda na direção contrária. O espetáculo visual é indiscutível, com alguns efeitos surpreendentes e de cair o queixo. O longa ficou com as indicações ao Oscar por efeitos visuais e design de produção. SAIBA MAIS
Kris Bowers é um elogiado pianista de jazz e que, paralelamente, também começou a ganhar força no cenário cinematográfico ao compor trilhas de cinema — em especial, a de ‘Green Book’. Aqui, o músico comanda um curta-metragem sobre sua família, sua existência. Ao longo de 13 minutos, tenta compreender de onde veio, entender suas origens e, quem sabe, saber melhor como ele chegou até ali. Para isso, Bowers se vale de uma conversa com o avô de 91 anos, inteiramente contada nesse curta-metragem indicado ao Oscar. Há sensibilidade aqui, como se o cineasta e compositor fizesse o filme como uma última maneira de se agarrar às suas origens — afinal, o ancião está com câncer e idade já avançada. É bonito ver a relação dos dois. Uma pena, porém, que Bowers e o parceiro de direção Ben Proudfoot apostem num artificialismo exagerado em alguns momentos, principalmente quando avô e neto estão conversando. Ainda assim, ‘A Concerto is a Conversation’ é um curta emocional, que deve fazer com que muitos derramem algumas lágrimas. Disponível para assistir de graça, no YouTube, com legendas em inglês. SAIBA MAIS
Que filme mais delicado e emocionante é ‘Rosa e Momo’, longa-metragem exclusivo da Netflix. Ainda que erre em alguns pontos, como a figura do “branco salvador”, o filme emociona com a história de uma sobrevivente do Holocausto (Sophia Loren, avassaladora) que abriga um menino morador de rua. É uma daquelas produções que contam os detalhes de amizades inesperadas, com alguns momentos banais e esperados. No entanto, no geral, o diretor Edoardo Ponti (‘Desejo de Liberdade’) consegue trazer alguns momentos realmente singelos com força para a tela, fazendo provavelmente com que muitos espectadores derrubem algumas lágrimas sinceras. Para viajar na história e se emocionar. Produção foi indicada ao Oscar pela música “Io Si (Seen)”. SAIBA MAIS
Em sua obra, o cineasta Spike Lee frequentemente alerta para o racismo estrutural que existe nos Estados Unidos — sempre com uma linguagem muito particular e um estilo de filmagem muito marcante. No entanto, o diretor também tem se preocupado em unir essa mensagem com a ressignificação de algumas importantes passagens da história americana. Em ‘Infiltrado na Klan’, por exemplo, colocou um homem negro (John David Washington) como protagonista de sua própria história enquanto tenta descortinar um célula da Ku Klux Klan. Agora, em ‘Destacamento Blood’, Lee se volta aos dramas da Guerra do Vietnã e mostra a importância de soldados negros no conflito. Ainda que se passe em outra época e em outro país, o longa-metragem continua a se voltar às questões raciais dos Estados Unidos e a mostrar como as diferenças étnicas continuam assustadoramente gritantes no tratamento social. Tudo isso embalado por uma narrativa de guerra poderosa, lembrando ‘Apocalypse Now’, de Francis Ford Coppola, que mistura narrativas que se entrelaçam no final. Isso sem falar da excelente trilha sonora, com batidas ao som de Marvin Gaye, que mereceu a indicação ao Oscar. SAIBA MAIS
Parece que depois de ‘Capitão Phillips’, o astro Tom Hanks tomou gosto por intensas aventuras marítimas — como se já não bastasse o terceiro ato de ‘Náufrago’. Aqui, em ‘Greyhound: Na Mira do Inimigo’, acompanhamos Hanks como o capitão de um comboio de navios Aliados que precisa atravessar o temido Atlântico Norte enquanto foge de submarinos nazistas. Com roteiro do próprio Hanks e direção de Aaron Schneider (do suspense ‘Beijos que Matam’), o filme repete o ritmo de ‘Capitão Phillips’: trama empolgante, ao longo de 91 minutos, em que é difícil até arranjar um tempinho para respirar. A produção ficou com a nomeação ao Oscar por melhor som. SAIBA MAIS
Indicado ao Oscar de melhor filme, ator (com Riz Ahmed), ator coadjuvante (Paul Raci), roteiro original, som e edição , ‘O Som do Silêncio’ é um filme poderoso que não só consegue contar uma história sobre uma perda – neste caso, sensorial – e sua aceitação, mas também consegue evocar a sensação através da imagem e, acima de tudo, com um excelente design de som. Grande parte do fardo recai sobre Riz Ahmed (‘Rogue One’), que dá uma das melhores performances de sua carreira capturando o desespero de seu personagem, bem como a beleza que ele encontra na quietude. O filme também apresenta a sempre excelente Olivia Cooke (‘Jogador Número 1’) em uma das personagens mais interessantes de sua carreira. SAIBA MAIS
É perfeitamente compreensível aqueles que não gostarem desse filme: é engessado, mais de duas horas quase que apenas com cenas de tribunal e uma simplificação exagerada da história e dos personagens — Sorkin mudou ou deixou de lado muita coisa, principalmente em relação ao comportamento dos réus. No entanto, fãs de filmes de tribunal devem se deliciar com essas duas horas acompanhando um julgamento político e todas suas estranhezas, bizarrices e excessos. A dinamicidade acaba vindo de uma edição interessante (ainda que um tanto quanto batida), o didatismo fica concentrado em um único personagem e Sorkin acerta ao problematizar essa busca incessante é interminável na História por comunistas, revoltosos e coisas do tipo. Está longe, bem longe de ser um filme perfeito. Mas mexe com as emoções e, mesmo tão diferente do caso original, soube trazer a essência desse julgamento bizarro que entrou pra História. A produção foi indicada por melhor filme, ator coadjuvante pela brilhante atuação de Sacha Baron Cohen, roteiro original, fotografia, edição e canção original. SAIBA MAIS
George Clooney volta a ocupar a cadeira de diretor nesta ficção científica baseada no livro Good Morning, Midnight (em tradução livre: bom dia, meia-noite) de Lily Brooks-Dalton. O filme acompanha a história de um cientista que corre contra o tempo para impedir que um grupo de astronautas volte à Terra depois de uma catástrofe global. Este é um dos melhores trabalhos de Clooney na direção e também como ator – ele também é um dos protagonistas de ‘O Céu da Meia-Noite’. Se você estava preocupado com o excesso de comerciais de café que ele estava fazendo, pode ficar tranquilo pois George Clooney retornou ao que ele faz de melhor. O longa ficou com a nomeação ao Oscar pelo efeitos visuais. SAIBA MAIS
Filme cru, potente e interessante sobre os protestos que abalaram Hong Kong entre 2019 e 2020. Aqui, o cineasta Anders Hammer entra no meio do conflito entre manifestantes e policiais para compreender melhor o que acontecia no meio das multidões — desde estratégias de “guerra” até violências desnecessárias, passando por conflitos contra apoiadores da China. Mais do que um bom curta-metragem, ‘Do Not Split’ serve como um documento histórico para compreender melhor as motivações desses jovens e como o governo da China reagiu às pressões. Pena que a pandemia do novo coronavírus interrompe o caminhar dos protestos, também interrompendo repentinamente o filme. Fica, enfim, a curiosidade sobre um possível longa-metragem de Hammer sobre a situação — quem sabe, principalmente, depois que as coisas voltarem ao normal. Curta-metragem disponível de graça, no YouTube, com legendas em inglês. SAIBA MAIS
Esta é a sequência de ‘Shaun: O Carneiro’, de Aardman Animation (o estúdio britânico conhecido por animações bem-sucedidas em stop motion como ‘A Fuga das Galinhas’ e ‘Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais’). Fiel à série de televisão em que se baseia, os personagens de ‘Shaun, O Carneiro: O Filme – A Fazenda Contra-Ataca’ se comunicam principalmente por meio gestos e alguns sons, algo simples e ao mesmo tempo extremamente divertido e genial. Com uma história simples e uma duração de menos de uma hora e meia, é uma aventura adequada para toda a família, que mereceu a indicação ao Oscar de melhor animação. SAIBA MAIS
Esse é outro longa da Disney indicado a melhor animação. Situado em um mundo de fantasia que há muito se esqueceu da magia, ‘Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica’ é uma interessante surpresa da Pixar. Com um enredo sobre a aventura de dois irmãos que pegam a estrada para completar o feitiço que trará o pai deles de volta ao mundo dos vivos por apenas um dia (e que os acompanha na jornada apenas da cintura para baixo), o filme nos faz valorizar a presença paterna e o carinho entre irmãos. Pode não ser o mais inovador longa-metragem animado do estúdio, mas certamente aquece o coração enquanto diverte. Se você tem suas questões parentais ou com seus irmãos, é bom assistir com o lenço à mão – principalmente nas últimas cenas. Em inglês, o longa conta com um elenco de vozes originais de primeira, incluindo Tom Holland, Chris Pratt e Octavia Spencer. SAIBA MAIS
Se você era apaixonado pelos filmes clássicos Disney, sem dúvidas vai gostar de ‘A Caminho da Lua’. O diretor Glen Keane animador, autor e ilustrador, trabalhou em grande parte dos filmes do estúdio do Mickey Mouse. Ele foi responsável pelo design e animação de icônicos personagens como Fera de ‘A Bela e a Fera’, Ariel de ‘A Pequena Sereia’, do Aladdin, Tarzan e muitos outros. O animador, ganhador do Oscar por dirigir o curta escrito por Kobe Bryant ‘Dear Basketball’, chega para assumir a direção de ‘A Caminho da Lua’, animação da Netflix, que parece que saiu de um estúdio da Pixar. Com tamanha experiência, esse é o primeiro longa-metragem da carreira de Glen Keane (e foi indicado ao Oscar de melhor animação) e ele consegue encantar os espectadores. O filme é comovente, divertido, intrigante e mágico, uma história leve e inclusiva, pois fala sobre a cultura chinesa. SAIBA MAIS
Acredite se quiser: esse filme conta a história de um humano que fez amizade com um polvo. É um documentário, indicado ao Oscar, verdadeiramente tocante sobre a conexão entre esses dois seres. Como o título entrega, a produção mostra que os animais são os grandes professores da natureza e se não fosse por eles, nada continuaria existindo – afinal, os seres humanos são os maiores responsáveis por prejudicarem o meio-ambiente.Outra bela mensagem da história é mostrar que o amor está sempre presentes, de maneiras que a gente nem imagina. ‘Professor Polvo’ é o documentário extremamente pessoal e mesmo sem conhecer a história do protagonista, Craig Foster, é impossível não se encantar pela relação que ele desenvolveu com um animal marinho. Além disso, o filme tem uma belíssima cinematografia. SAIBA MAIS
Uma pena que ‘O Grande Ivan’ não tenha sido lançado nos cinemas por conta da pandemia do novo coronavírus, já que seria incrível vê-lo em uma telona. Ainda mais que a produção tem excelentes efeitos visuais — os animais feitos em computação gráficas são tão bem executados que parecem reais. A qualidade técnica é realmente um dos grandes méritos do filme. Fora isso, a história é encantadora e isso fica ainda mais comovente quando você descobre que foi baseada em fatos reais. Sim, existiu um gorila que morou por 27 anos em um shopping, em Washington, e inspirou o livro infantil homônimo de K. A. Applegate. Esse foi mais um filme que foi indicado ao Oscar por efeitos visuais. SAIBA MAIS
Emocionante e potente documentário, indicado ao Oscar, ‘Time’ é daquelas produções que ficam ecoando na mente de quem o assiste por um longo, longo tempo. Afinal, aqui, a diretora Garrett Bradley trata com habilidade e respeito a história de uma mulher lutando pela liberdade de seu marido, condenado a 60 anos de prisão. É um filme um tanto quanto formulaico, um pouco previsível em seu tratamento, mas que, mesmo assim, não perde sua importância. Afinal, assim como ficções recentes como ‘As Ondas’ e ‘Queen & Slim’, o longa-metragem documental trata da luta do movimento preto ao redor do mundo e mostra, com confiança e talento, como essa história aparentemente banal ressoa em todo o movimento. Um filme inspirador e emocionante, que deve agradar os que buscam boas histórias de luta racial. SAIBA MAIS
Longa indicado ao Oscar de melhor documentário, mais um acerto da Higher Ground Productions, empresa criada por Michelle e Barack Obama e responsável pelo documentário ‘Indústria Americana’, que venceu o Oscar. ‘Crip Camp: Revolução pela Inclusão’ fala sobre os impactos positivos a longo prazo do Camp Jened, um acampamento para jovens com deficiência que operou entre 1951 e 1977 e que, no auge dos movimentos das contraculturas das décadas de 1960 e 1970, inspirou a luta pelos direitos civis das pessoas com deficiência. Vencedor do prêmio do público no Festival de Sundance 2020, é um documentário comovente, sem exagerar, com toque ideal de irreverência pra se divertir. SAIBA MAIS
Não é exagero afirmar que ‘Soul’ é um dos melhores filmes da temporada 2020-2021 do cinema (ainda que combalida pela pandemia da covid-19) e da história da Pixar. Com muito coração, o longa traz um enorme ensinamento sobre como encaramos a vida, o ordinário e a chama que nos motiva a seguir em frente. A estética complementa o roteiro de forma impecável, com uma bela construção do mundo real e um visual extremamente inspirado para o além-vida – resgatando conceitos da arquitetura modernista de outrora. Tudo isso embalado por uma trilha sonora impecável, que é dividida em duas grandes partes: uma com um jazz aconchegante, que nos abraça com suas notas, e outra com inspiração no new-age, com a música dialogando de forma surpreendente com o que vemos em cena. Tudo isso eleva ainda mais o fato dessa ser a primeira animação da Pixar com um protagonista afro-americano – algo que, por mais que tenha demorado para acontecer, foi feito com muita maestria. Méritos totais do diretor Peter Docter (de ‘Divertida Mente’ e CCO da Pixar) e da produtora Dana Murray. Mesmo lançado diretamente no streaming por conta dos cinemas fechados, ‘Soul’ foi indicado ao Oscar por melhor trilha sonora, som e ani SAIBA MAIS
Animações que não sejam tridimensionais são raras nos dias de hoje, se não fosse pelo Studio Ghibli e pelo Cartoon Saloon – estúdio irlandês de cinema e televisão – quase não teríamos mais os bons e velhos desenhos em duas dimensões. Só por usar essa técnica, ‘Wolfwalkers’ já é merecedor de elogios. O filme é dos mesmos criadores de ‘A Canção do Oceano’, animação indicada ao Oscar. Completando a trilogia de contos populares irlandeses do Cartoon Saloon, seguindo ‘Uma Viagem ao Mundo das Fábulas’ e o já citado ‘A Canção do Oceano’, ‘Wolfwalkers’ traz uma bela história, repleta de significado histórico que faz parte da seleção de 2020 do Festival Internacional de Toronto. Vale ressaltar que a animação foi nomeada ao Oscar como melhor animação. SAIBA MAIS
‘Feeling Through’ é um curta-metragem que tem seus méritos. Afinal, o diretor Doug Roland colocou de fato um ator cego-surdo (Robert Tarango) como um dos protagonistas numa história de encontros e descobertas. Aqui, acompanhamos a história de um rapaz (Steven Prescod) que mora nas ruas de Nova York e se sente sozinho. Invisível, na verdade. Sua noite fria e solitária muda, então, quando encontra esse homem cego-surdo em uma esquina, aguardando alguém para ajudá-lo a encontrar um endereço. Roland, que já comandou outros curtas do tipo, aposta em todas as ferramentas para fazer com que o espectador se emocione — e é aí que pode estar o problema, já que o exagero se torna rapidamente uma frequente no curta-metragem. Ainda assim, dá para encontrar certa poesia na história e ver, de alguma forma, como não estamos sozinhos. Filme disponível de graça, no YouTube, com legendas em inglês. SAIBA MAIS
‘O Tigre Branco’ consegue traçar um paralelo entre ‘Parasita’ (Bong Joon-ho, 2019) e ‘Quem Quer ser um Milionário’ (Danny Boyle, 2007). Ramin Bahrani, que atuou também na direção de ‘Fahrenheit 451’, fez um trabalho cativante ao criticar o âmbito político e social da Índia, onde a sociedade tem uma clara divisão entre ricos e pobres. E por conta das castas, não existe uma forma das mazelas ascenderem como em outros sistemas econômicos, apesar de que a divisão de classes na Índia é baseada em preceitos religiosos. O núcleo principal formado por Adarsh Gourav, Priyanka Chopra e Rajkummar Rao deixam o filme ainda mais interessante, especialmente pelas cenas divertidas de Gourav. O longa foi indicado ao Oscar por melhor roteiro adaptado. SAIBA MAIS
Este longa-metragem de estreia de Regina King na direção – que teve 3 indicações ao Oscar (melhor ator coadjuvante, roteiro adaptado e canção original) – é adaptação de uma peça homônima, escrita por Kemp Powers. E a estreia não poderia ser mais interessante. Afinal, ainda que seja simplista em algumas decisões e um pouco cansativo com tamanha verborragia dos diálogos, o longa-metragem recria o encontro que nunca aconteceu de quatro dos maiores ícones do movimento negro dos anos 1960. É uma conversa deliciosa, que qualquer um tem vontade de participar. Há, aqui, emoção, sentimento, medo, angústia. Felicidade com o que mudou, preocupação com o que continua na mesma. King, enquanto isso, não aceita fazer desse filme apenas uma peça teatral filmada. Ela tem elegância na condução da trama, ajudando a destacar a amizade dessas quatro figuras e, principalmente, ressaltar aspectos do movimento negro dos anos 1960 que ressoam décadas depois. É um filme poderoso, urgente, elegante, necessário, preciso. É só aceitar o formato, entender o estilo e mergulhar na imaginação da trama que, segundo King, é uma história de amor. SAIBA MAIS
‘Relatos do Mundo’ é daqueles filmes que tem tudo para dar certo. Na direção, o premiado Paul Greengrass. Ele repete a parceria com o protagonista Tom Hanks, dupla vista antes no excepcional ‘Capitão Phillips’. E, de quebra, ainda tem Helena Zengel, de ‘Transtorno Explosivo’, que surpreende com uma atuação de ponta com apenas 12 anos. No entanto, já vale dizer que o filme não é “tudo isso”. Ao melhor estilo de faroeste, o longa-metragem não consegue descolar a trama de um marasmo de acontecimentos genéricos, aparentemente busca uma fórmula pronta de temporada de premiações: desde a trilha sonora, passando pelos excessivos closes nos dois protagonistas e até chegar ao design de produção, óbvio e típico “papa-Oscar”. No entanto, isso não invalida algumas qualidades do longa, como a boa química entre Hanks e a pequena Zengel, que adiciona um tempero de emoção na história. E a direção firme de Greengrass, principalmente em cenas como a do tiroteio. Um filme absolutamente esquecível, mas que no fundo ainda tem espaço para viajar no Velho Oeste. O filme foi destaque no Oscar em: melhor fotografia, trilha sonora, som e design de produção. SAIBA MAIS
Em 2006, o ator e comediante Sacha Baron Cohen acertou em cheio ao criar uma comédia besteirol, mas com um subtexto político e social por trás potente e muito divertido. Cohen volta ao personagem 14 anos depois, num momento de extremismos políticos, novamente de maneira provocativa e ousada. Ainda que o filme não tenha o mesmo vigor e potência que o anterior, as piadas ainda são ácidas e alguns momentos transpiram ousadia — as cenas com Mike Pence, Rudy Giuliani e com dois republicanos em quarentena são absolutamente hilárias. Maria Bakalova (‘Transgression’) também ajuda a fazer a trama avançar como filha de Borat. Assim, pode-se dizer que, mesmo inferior ao primeiro, ‘Borat: Fita de Cinema Seguinte’ cumpre o que promete: faz rir e, novamente, provoca o status quo da política e da alta sociedade americana. A produção ficou com as indicações de: melhor atriz e roteiro adaptado. SAIBA MAIS
Filme assinado pelo cineasta chileno Maite Alberdi, diretor de longas-metragens como ‘La Once’ e ‘The Grown-Ups’ (pelo qual foi premiado no Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, o maior do mundo dedicado ao gênero). Nisso reside o grande poder de ‘Agente Duplo’, pois embora se apresente como uma ficção de mistério, confunde as fronteiras daquele gênero com o documentário, resultando na genialidade de um filme de espionagem com momentos reveladores e emocionantes sobre a vida dos idosos, cheios de fofura e um fantástico senso de aventura. O filme foi selecionado no Sundance Film Festival de 2020, premiado no Festival de San Sebastian do mesmo ano, e indicado ao Oscar de Documentário.