Atualmente, projeto tem alunos de braille em todo Brasil, África do Sul, Portugal, Inglaterra e Suíça; já impactou a vida de 350 pessoas
O Enxergando o Futuro, projeto que nasceu em Duartina (SP) e ensina braille a deficientes visuais de graça por plataforma online, completou quatro anos agora em agosto. Já impactou positivamente a vida de 350 pessoas e, atualmente, tem alunos distribuídos por todos os Estados Brasileiros e também África do Sul, Portugal, Inglaterra e Suíça, o que comprova o crescimento do projeto social. Mas, por enquanto, funciona somente com doações feitas por empresas e pessoas físicas e da renda obtida pelo Enxergando o Futuro com a venda de ingressos para a Festa Solidária, cuja próxima edição será no dia 9 de setembro, a partir das 19h, no Recinto da Quermesse, em Duartina.
Santa Luzia, além de padroeira de Duartina, é considerada a protetora dos olhos. Por isso, cede a Festa Solidária do Enxergando o Futuro ocorre no espaço, explica Daniela Reis Frontera, idealizadora e multiplicadora do projeto. “Estamos vendendo antecipadamente os ingressos para a Festa Solidária, em Duartina. Além de uma festa gostosa, com comes e bebes, e animação da Banda Breja, Gilson Denicolai e Al Capone, o ingresso dá direito a concorrer a prêmios muito bacanas”, conta. Entre os brindes, estão um chapéu autografado pelo cantor Daniel, um relógio Champion, três diárias para um casal na Pousada Alvorada, dois celulares Samsung Galaxy A22, jogo de panelas, bola de basquete, camiseta de basquete autografada por Larry Taylor, entre outros.
A renda da Festa Solidária é empregada na aquisição de materiais essenciais de estudo do aluno do braille, como regletes (folha de um papel mais espesso que o sulfite) e folhas de papel A4 com gramatura 120, e custear as despesas de postagem das apostilas pelos Correios. Em média, cada estudante custa em torno de R$ 50,00 ao projeto Enxergando o Futuro. O braille, sistema de escrita e leitura tátil composto por combinação de pontos em relevo, é uma ferramenta poderosa que permite às pessoas cegas e com baixa visão terem acesso à informação de forma autônoma.
Dominar essa linguagem pode ser desafiador, mas é um passaporte para a independência pessoal e a inclusão social e profissional atestam alunos de várias partes do Brasil que aprendem Braille no projeto Enxergando o Futuro. “Quem sabe braile, pode acessar materiais educacionais e se comunicar de maneira muito mais eficiente. E isso aumenta as oportunidades de emprego e amplia o leque de possibilidades de carreira”, acrescenta Daniela.
Além disso, o braile também beneficia a inclusão social. Ao dominar a linguagem, as pessoas cegas ou com baixa visão podem se comunicar de forma mais efetiva com o mundo ao seu redor. A troca de informações, a participação em atividades culturais e a interação com outras pessoas tornam-se tornam mais acessíveis, promovendo uma inclusão mais ampla e significativa.
Como o projeto nasceu
O projeto social Enxergando o Futuro foi criado pela empresária Daniela Reis Frontera que, aos 23 anos, foi diagnosticada com retinose pigmentar. Após aprender braile e constatar que são poucos os professores, ela criou o projeto para levar a alfabetização ao alcance de todas as pessoas com deficiência visual ou baixa visão. Atualmente, Daniela tem 10% da visão. Ela é também empresária, palestrante e para-atleta.
Como o curso funciona
O curso de braille do Enxergando o Futuro é ministrado em três módulos. No módulo 1, os novos alunos recebem conteúdos de áudio e vídeo para aprender a produzir as celas pré-braile artesanalmente. Quando todos do grupo estão com o material pedagógico pronto, as administradoras iniciam a liberação dos módulos para que os alunos aprendam a ler as primeiras letras em braile, as primeiras sílabas, a formarem as primeiras palavras. A plataforma do Enxergando o Futuro, por ser uma tecnologia para acessibilidade, descreve em áudio o passo a passo para que os alunos executem as atividades.
À medida que vão finalizando as atividades, os alunos são orientados a postar em foto e vídeo o que fizeram no grupo para que os administradores do projeto façam as correções. Assim, conforme a alfabetização pelo método progride, inicia o módulo 2. Neste módulo, os alunos terão contato com a prancheta, outro material pedagógico que consiste em regletes negativas e a punção (espécie de pinça para furar o papel e, assim, escrever em braille). Primeiramente, os alunos vão colocar em prática o que aprenderam com o material pedagógico reciclável e ler as palavras escritas em braile nas regletes. Esta é a etapa de desenvolver o tato.
A próxima etapa é começar a escrever em braile usando a reglete e a punção. Da mesma forma, os alunos seguem postando suas atividades na plataforma para correção das administradoras. Ao entrar num estágio mais avançado, os alunos entram no módulo 3. Cada um recebe uma apostila em braile idealizada por Daniela Reis Frontera, fundadora do Enxergando o Futuro. Nesta etapa, as aulas são individuais e por vídeo por meio da plataforma Zoom para que cada um exercite o aprendizado nas modalidades leitura e escrita. Os alunos contam com o respaldo de pedagogas voluntárias, incluindo a madrinha-técnica do projeto, Grasiele de Morais. Em média, os alunos levam dois anos para concluir o curso.
Serviço
O ingresso para a Festa Solidária da Quermesse de Santa Luzia em Duartina custa R$ 20,00 e está à venda na Farmácia Floralis, em Duartina, e pelo WhatsApp (14) 99740-8217. A Festa Solidária será na Quermesse de Santa Luzia (Rua Teodósio Lopes, s/nº, Centro de Duartina) dia 9/9/23, a partir das 19h. Mais informações no @enxergandoofuturo.