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Em falta, materiais para construção civil têm alta de até 30% em Bauru

Pandemia gerou desequilíbrio entre oferta e demanda; além de preços maiores, prazos de entrega também foram esticados

Reformar ou construir ficou 30% mais caro para os bauruenses. Isso porque, nos últimos três meses, os materiais relacionados a este tipo de serviço estão em falta no mercado nacional e a cidade, assim como tantas outras do País, apresentou um aumento da demanda provocado pela quarentena. Com maior tempo em casa, muitas pessoas, principalmente, aquelas ligadas à classe média, perceberam a necessidade de fazer alguns reajustes para melhorar o seu conforto.

De acordo com o economista Reinaldo Cafeo, outros fatores também levaram a tal tendência. Um deles diz respeito aos preços dos insumos, que são cotados em dólar.

Além disso, o especialista acrescenta que boa parte do segmento depende de fornos em pleno funcionamento. “Como muitas pessoas acabaram afastadas por pertencerem ao grupo de risco para o novo coronavírus, por exemplo, as indústrias precisaram desligar metade dos equipamentos, que demoram em torno de seis meses para voltar a operar com toda a sua capacidade”, explica.

O fenômeno também provocou a queda da oferta. “Paralelamente, quem produz este tipo de material são poucas empresas, permitindo que as mesmas consigam impor os preços”, complementa.

Gerente de uma loja de materiais para construção civil, em Bauru, Amaro Limão diz que sentiu o aumento dos preços do final de maio para cá. “Eu trabalho na unidade há 19 anos e nunca havia presenciado algo semelhante”, comenta.

Amaro afirma que a maioria dos seus clientes visa executar pequenas reformas. “Nós até tentamos negociar com os fornecedores, mas eles dizem que, se quisermos os produtos, precisamos pagar os preços estipulados”, narra.

O gerente relata, ainda, que o prazo para a entrega dos itens subiu de 30 para 90 dias. “Nós passamos a nos planejar hoje para vender só no fim do ano”, observa.

POUCAS OPÇÕES

A bióloga Jéssica Castilho, de 50 anos, resolveu reformar a sua casa, mas alega que as opções de revestimento, por exemplo, estão escassas. “No final de semana, eu e o meu marido visitamos cinco lojas em busca de piso para a nossa cozinha. Todas, sem qualquer exceção, não possuíam o material que nós queríamos, cujo prazo mínimo para a entrega era de dois meses. Acabamos levando o que tinha”, frisa.

A mulher enfrentou o mesmo problema quando orçou a troca das portas dos armários da sua cozinha em MDF branco, considerado o material mais comum para esta finalidade. “O marceneiro disse que estava escasso e, por isso, não tinha nem como dar uma previsão para a entrega”, pontua.

Diante deste cenário, o economista Reinaldo Cafeo espera que haja novas contratações e os fornos voltem a funcionar com toda a sua capacidade até dezembro deste ano, mas os preços só deverão baixar no primeiro trimestre de 2021.

‘Estamos trabalhando no zero a zero por aqui’

Sócio-proprietário da CM7 Engenharia, em Bauru, Rodney Rodrigues Nascimento revela que, de três meses para cá, a empresa abriu mão dos lucros para manter os clientes / Foto: Malavolta Jr.

Rodney Rodrigues Nascimento revela que, de três meses para cá, a empresa de construção do qual é sócio-proprietário abriu mão dos lucros para manter os clientes. “Nós estamos trabalhando no zero a zero.”

Segundo ele, os preços dos cabos elétricos sofreram um aumento ainda maior do que os dos demais produtos, afinal, estão cerca de 40% mais caros. “Trata-se de uma alta verticalizada, completamente fora do normal”, comenta o sócio-proprietário da CM7 Engenharia.

Segundo Rodney, antes da pandemia, o prazo para a entrega de esquadrias, por exemplo, era de pouco mais de uma semana. “Hoje, eles pedem 100 dias. Algumas linhas, como a de alumínio, estão suspensas devido à falta de insumos”, conclui.

Fonte: https://www.jcnet.com.br/noticias/geral/2020/09/736850-em-falta–materiais-para-construcao-civil-tem-alta-de-ate-30–em-bauru.html#.X5mEGeFPEec.whatsapp

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