Donos de bares, restaurantes e buffets: ‘após março, não suportaremos mais’

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Sidnei Vivian, João Carlos Toreto, Carlos Momesso, Frank Daniel Cordeiro, Nilton Takeuti Matsuka e Igor Moreira da Cunha: grupo se reuniu nesta última semana para discutir crise dos restaurantes / Crédito: Aceituno Jr.

Sem sobras de recursos, setores alegam dificuldade para negociar aluguéis, adquirir empréstimos e quitar os impostos

Março é o mês em que a pandemia da Covid-19 completa um ano em Bauru. Também é o mês considerado decisivo para donos de bares, restaurantes e buffets. Tais segmentos projetam que os estabelecimentos que ainda sobrevivem à crise não conseguirão mais suportar as perdas financeiras acumuladas ao longo destes 12 meses.

Além da queda brusca de faturamento, eles alegam dificuldades para negociar valores de aluguéis, para adquirir novos empréstimos bancários, para pagar impostos que haviam sido prorrogados e para arcar com a alta do custo dos alimentos, que ainda continuam sendo comprados por aqueles que seguem trabalhando por sistema de delivery e drive thru.

Em meio ao agravamento da pandemia, que não permite, por enquanto, qualquer horizonte de retorno à normalidade, empresários do setor de restaurantes vêm buscando apoio no Congresso Nacional e no governo federal, com o objetivo de tornar a atividade do setor um serviço essencial, mesmo que haja necessidade de estabelecer novas regras para o seu funcionamento.

“A nossa situação é delicadíssima. São 3 mil empresas na cidade e, pelo menos, 20 mil pessoas, em um cálculo modesto, que dependem diretamente da atividade dos restaurantes. Não dá para o poder público continuar fechando os olhos para o problema”, pontua Carlos Momesso, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Bauru e Região.

PREJUÍZOS

Em 25 de janeiro último, Bauru foi colocada novamente na fase vermelha do Plano São Paulo, mas, por força de decreto e lei municipais, posteriormente derrubados, os estabelecimentos comerciais só interromperam o atendimento ao público efetivamente a partir de 9 de fevereiro. Em 2021, portanto, já são mais de dois meses de portas fechadas.

“Na primeira onda, todo mundo tinha caixa. A maioria conseguiu segurar, mas ninguém imaginava que a pandemia iria se estender por tanto tempo”, observa Nilton Takeuti Matsuka, proprietário do restaurante Tokyo. Devido às dificuldades, em um ano, ele diminuiu seu quadro de funcionários de 120 para 62 pessoas e, agora, está fechando uma de suas três lojas.

Os donos de restaurantes relatam que, mesmo no período em que ainda podiam receber o público, o faturamento na pandemia nunca chegou a 70% do que normalmente registravam. Agora, o índice não passa de 5%. “Com delivery, há o custo do motoqueiro, o custo do aplicativo que faz a venda. Só o aplicativo consome 27% do faturamento. A gente está pagando para trabalhar”, reforça Matsuka.

Ele também menciona dificuldade em realizar novos empréstimos, o que é confirmado por Igor Moreira da Cunha, do restaurante Tayu, que já teve de vender bens, como dois carros, para honrar compromissos financeiros. Ele explica que, como estabelecimentos deste segmento passaram a representar risco para os bancos, a oferta de crédito se tornou mais restrita.

LIMITE

“Se for financiar R$ 400 mil, a gente precisa dar R$ 200 mil de garantia ou um imóvel. Mas ninguém mais tem dinheiro ou um bem. Corre o risco de perder mais dinheiro ainda”, analisa, acrescentando, ainda, que a situação se torna mais crítica porque, a partir do início deste ano, os empresários também começaram a arcar com o pagamento de impostos, como os do Simples Paulista, que havia sido prorrogado em 2020.

Proprietário do Fried Fish Vilarejo, João Carlos Toreto acrescenta, como fator agravante, a alta do preço dos alimentos, como carne e outros produtos da cesta básica. Ao mesmo tempo em que tentam manter as vendas por delivery e honrar o pagamento dos custos fixos e de fornecedores, vislumbram a impossibilidade, cada vez mais próxima, de manter os empregos dos funcionários que restaram.

“São milhares de pessoas que dependem do funcionamento dos restaurantes em Bauru. Se ficarmos mais 15 dias fechados, não vamos aguentar. Não conseguiremos mais pagar salários e estas pessoas vão começar a passar fome. Vai faltar comida para os filhos destas famílias”, lamenta.

Carlos Momesso, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Bauru e Região / Crédito: Aceituno Jr.

Proprietário de pub criou barbearia e passou a vender lanches

Caio Richieri, dono do Jack Music Pub: “Próximos 15 dias serão determinantes”
/ Crédito: Aceituno Jr.

Se, ao comércio em geral, a pandemia já deixou um rastro de ruínas, para quem os negócios são estruturados a receber público em pé, a situação é ainda pior. É o caso, por exemplo, de bares como o comandado por Caio Richieri, proprietário do Jack Music Pub.

De acordo com ele, a maioria dos empresários do setor não fechou definitivamente as empresas porque conseguiu diversificar suas atividades, apostando na atuação em outros ramos para garantir renda. Esta foi, inclusive, a solução que ele próprio encontrou, por acreditar que o atendimento ao público só voltará à normalidade em 2023.

“Tem gente que começou a fazer bolo, salgado, a vender rifa. Já eu montei uma barbearia e comecei a fazer delivery de lanches. Mas tem empresas que não conseguem fazer isso, até por não haver um cronograma, uma perspectiva para que possam se organizar até que seja possível a reabertura dos bares”, comenta.

E, para quem não teve capacidade de fazer esta migração, Richieri projeta uma condição de preocupação ainda maior, visto que, diante da variante do novo coronavírus, a pandemia ganhou contornos ainda mais dramáticos que os do ano passado. “Em 2020, a gente ainda conseguiu abrir em alguns momentos. Agora, com o setor parado, não há caixa para aguentar muitos meses mais. E creio que estes próximos 15 dias serão determinantes, porque continuamos com custos como aluguel, energia elétrica, sem qualquer ajuda do governo que não sejam linhas de crédito”, lamenta.

Fonte: https://www.jcnet.com.br/noticias/geral/2021/03/752607-donos-de-bares–restaurantes-e-buffets—apos-marco–nao-suportaremos-mais.html#.YE4b_S-U87Y.whatsapp

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