Por G1
Thatiana Piancastelli, de 35 anos, e Marcelo Felipe Martins, de 25, têm muitas diferenças. Estão separados por uma década na certidão de nascimento, moram em cidades distantes, trabalham e atuam em áreas opostas. Mas o que partilham em comum vai além do fato de serem pessoas com síndrome de Down. Lutam contra o preconceito, sonham com a igualdade e são, neste 21 de março, quando é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down, exemplos de perseverança.
“Hoje em dia melhorou muito, mas eu já senti preconceito. Uma vez a pessoa me chamou de doente. Eu não sou doente! Também não sou especial, eu sou assim e tenho orgulho”, avisa Thati, que é escritora, atriz, youtuber e digital influencer.
No vaivém entre Campinas (SP) e Miami, nos Estados Unidos, Thati conta que faz questão de tratar temas ligados a síndrome de Down em suas redes sociais. Inspiração para a personagem homônima na Turma da Mônica, de Maurício de Sousa, a influenciadora possui 18 mil seguidores no Instagram.
Perguntada qual mensagem daria às pessoas que, como ela, tem síndrome de Down, Thati adota a linha do empoderamento, mas destaca que “é preciso entender que cada um tem seu ritmo”.
“Tem que se jogar, ter sonhos altos e fazer coisas de adulto quando se é adulto”, afirma.
Sonho realizado
Enquanto Thati se desdobra entre Brasil e Estados Unidos, o jovem Marcelo Felipe Martins, de 25 anos, ajuda a mudar o mundo sem sair de Espírito Santo do Pinhal (SP). Apaixonado por dança, virou professor de zumba e comanda até 40 alunos durante as aulas na academia em que trabalha.
Sobre o preconceito por ter síndrome de Down e ser dançarino, avisa que “não dá a mínima” e segue atrás dos sonhos. Segundo ele, o próximo passo é cursar uma faculdade de educação física.
“Há muita discriminação e preconceito, às vezes sou desacreditado, mas não dou a mínima. Sigo atrás dos meus sonhos, limites”, afirma.
Professor Marcelo é festejado pelas alunas em Espirito Santo do Pinhal (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
A mãe de Marcelo, Lúcia da Silva Martins, conta que o jovem precisou ser perseverante desde pequeno. “Ele começou no balé, mas por conta do bullying de alunos que falavam que era uma ‘dança de menina’ e que chamava atenção por causa da síndrome de Down, acabou parando”, lembra.
O amor pela dança, no entanto, era e é maior que qualquer preconceito. Determinado, decidiu fazer um curso profissionalizante para virar professor. “Quando eu vi, ele chegou com a inscrição pronta. Só faltava pagar”, recorda.
“Ser professor era meu maior sonho. Minha alunas gostam muito da minha aula e eu não vou desistir”, avisa Martins.