Autarquia não fará volta imediata de abastecimento e afirma necessidade de mais 15 a 20 dias de chuvas contínuas
A crise hídrica ainda não tem prazo definido para acabar. Mesmo após o prefeito Clodoaldo Gazzetta (PSDB) ter anunciado ontem, em rede social, que determinou ao DAE que o abastecimento da cidade seja contínuo daqui pra frente e que o rodízio termine nos próximos dias, a autarquia convocou uma coletiva de imprensa para explicar, com dados técnicos, que “não é bem assim”.
A situação de alerta de rodízio vai continuar da forma como está por mais um tempo (água a cada 72 horas), até que haja mais frequência e volume de chuvas na cabeceira do Rio Batalha, talvez cerca de 15 a 20 dias, afirma o presidente do DAE, Eliseu Areco Neto, acompanhado pelos diretores Heber Soares Vieira, da Divisão de Produção, e Elton Oliveira, de Controle de Perdas.
Bauruenses sofrem com o rodízio desde setembro, quando o nível do Rio Batalha chegou próximo de 1,20m. Desde então, diariamente ‘chovem’ queixas de leitores ao JC sobre a falta d’água. Ontem o nível do rio estava a 2 centímetros do ideal, que é 3,20m. Isso aumentou a vazão de água, passando de 420 litros por segundo para 480. Os 100% são 550 litros por segundo. O que muda é que esta vazão oferece uma antecipação de dias no abastecimento do rodízio.
“Só é possível extinguir o rodízio desde que haja condição para isso. E não tem. O rodízio permanece até que a gente tenha um índice de chuva capaz de manter a regularidade da lagoa (de captação do Batalha), que não está equilibrada. Hoje, quando a gente consegue uma produção maior, fazemos a liberação dos setores que estavam programados, antecipando os dias”, esclarece Eliseu Areco.
LIMPEZA
O DAE explica também que esse aumento de nível de água registrado após a última chuva proporciona, primeiro, que as equipes façam a limpeza dos decantadores da Estação de Tratamento de Água (ETA). Então, o fim do rodízio não é imediato porque esta limpeza exige água da própria ETA. São seis decantadores e cada um necessita de um dia para limpeza.
Este procedimento é necessário para que a água fornecida seja de qualidade. Essa limpeza começou quinta-feira, devido ao nível mais elevado, porque se o processo começasse antes, com nível inferior ao atual, poderia comprometer o rodízio.
“Falta de água foi inevitável”
Ainda segundo o DAE, o problema de falta de água devido às estiagens, uma rotina anual, não teve como ser evitada em 2020. “Este ano nem se compara com a seca dos anteriores. Tivemos longos períodos sem chuva. Entretanto, houve perfurações de três novos poços e adutoras que minimizaram o impacto”, comenta Areco Neto. Os diretores do DAE acrescentam que a estiagem de 2020 é maior do que a de 2014, mas várias ações do DAE, neste ano, proporcionaram que menos regiões fossem atingidas pela estiagem, comparado-se com 2014.
Hoje a ETA é responsável por 35% do abastecimento de Bauru. E 65% é por poços que captam água subterrânea. A cidade possui hoje 35 poços e 56 reservatórios. O DAE reforça que tem plano de ação a ser concretizado até 2024, minimizando os efeitos de seca. Trata-se da perfuração de seis novos poços para retirar água do Aquífero Guarani, além de mais seis reservatórios planejados. O mais adiantado é o da Praça Portugal. O DAE esclarece ainda que cada poço e todo o sistema que o compreende tem custo de R$ 7 milhões. “O orçamento anual do DAE é de R$ 12 milhões ao ano. Então, é preciso discutir tarifas e investimentos para ter efetividade nos próximos cinco anos”, finaliza o presidente do DAE.
“Água do Rio Bauru não serve”
Dúvida frequente de leitores sobre a possibilidade de utilização das águas do Rio Bauru para tratamento e depois consumo, já que há alguns anos o local não recebe esgoto, o diretor do DAE Heber Vieira esclarece que o custo disso seria muito elevado e está fora de cogitação. Enquanto o Batalha tem nível de água classe 2, o do Rio Bauru é 4, porque recebe drenagem de chuvas que descem ruas de vários bairros da cidade.