De acordo com relatório divulgado pelo Sling Hub, houve grande movimentação do ecossistema de inovação no Brasil no mês de julho, com participação significativa das construtechs, que representaram 20,5% das startups que levantaram fundos no mês, ficando somente atrás das fintechs, com 35,8% do total. Na sequência, aparecem o setor de pets, com 17,8%, e o de gestão, com 6,6%.
Ao todo, o estudo contabilizou 50 negociações com startups, sendo 30 captações de investimentos e 20 processos de fusões e aquisições — conhecidos como M&As (Mergers and Acquisitions). Ao todo, R$ 560 milhões foram injetados no ecossistema de inovação brasileiro em julho.
Com isso, o ano de 2020 já acumula quase R$ 3,5 bilhões de investimentos em startups do Brasil, sendo que, no ano passado, este valor atingiu mais de R$ 12 bilhões. Considerando a pandemia, o CEO da Sling Hub, João Ventura, julga como positiva a quantia investida neste ano e lembra que o cenário também promoveu a digitalização de serviços, o que favoreceu muitas startups.
“Diversas startups se beneficiaram e estão crescendo durante a pandemia. O caso internacional mais conhecido é o Zoom. Aqui no Brasil, entre janeiro e maio deste ano, vimos um aumento de 100% na demanda por delivery em relação ao mesmo período de 2019. Isto valorizou as startups que oferecem o serviço”, diz em entrevista à Smartus.
Fora isso, o especialista lembra que os recentes cortes na Selic diminuíram a rentabilidade de investimentos em renda fixa e atraíram investidores para a renda variável. Neste sentido, ressalta que “houve aumento significativo no número de empresas e pessoas físicas querendo investir em startups”.
Fintechs
Como dito anteriormente, as fintechs fizeram a maior parte das captações no mês de julho, com grande destaque para a líder geral Warren, que levantou R$ 120 milhões. Enquanto isso, a Magnetis levantou R$ 60 milhões, a quarta maior captação do mês de julho.
Para Ventura, o resultado das fintechs está relacionado com a política monetária do Brasil, que tem oferecido oportunidades para crescimento no mercado: “Os grandes bancos seguem concentrando grande parte da atividade financeira no país, mas, aos poucos, isso vem mudando”.
Construtechs
Na sequência do ranking aparecem as construtechs, representadas pela captação de R$ 115 milhões do ABC da Construção, segunda maior no período. No setor imobiliário, houve ainda a compra da Uotel pela unicórnio Loft, negociação sem valor revelado.
O CEO da Sling Hub relacionou o bom desempenho das startups do setor às oportunidades de negócio que têm surgido na pandemia, advindas da consolidação do home office: “Entendemos que há um movimento de pessoas buscando imóveis no interior, seja para mudar ou para ter uma segunda casa”.
ABC da Construção
Em material institucional, o ABC da Construção revelou que os canais de vendas digitais cresceram 130% na pandemia e já representam 71% das vendas da companhia. Com o aporte de R$ 115 milhões, a expectativa da startup é fechar o ano com mais de 100 lojas e receita anual de R$ 500 milhões.
“Sempre tivemos como foco ser uma empresa do segmento de construção com base em inovação e tecnologia. Estamos colhendo frutos do que plantamos ao longo de, no mínimo, 5 anos. É gratificante que os melhores resultados da história venham em um momento tão difícil como esse”, destacou Tiago Mendonça, CEO da empresa.