Levantamento revela mudança em relação a 2018, quando a classe B dominava 50% do poder de gastos com produtos e serviços em Bauru
Por JCNET – Tisa Moraes
A classe C deverá ser a responsável pelo maior volume de gastos em produtos e serviços em Bauru em 2019. Quem aponta a tendência é a pesquisa IPC Maps, que traçou o mapa do consumo dos municípios brasileiros para este ano.
Elaborado pela empresa especializada em informações de mercado IPC Marketing, o estudo revela que os consumidores do município têm fôlego para gastar R$ 11,282 bilhões em 2019. Deste total, 43,2% deverão ser desembolsados pelas famílias da classe C e 38,3% por famílias da classe B até o final do ano.
O histórico do levantamento revela uma mudança em relação ao ano passado, quando a classe B dominava metade do potencial de consumo na cidade e a classe C, menos de 30%. Diretor do IPC Marketing, Marcos Pazzini explica que a inversão têm duas principais explicações.
A primeira é que, de 2018 para 2019, uma parcela da população migrou da classe B para a C, assim como algumas famílias oscilaram da classe C para a D. Porém, em meio a esta mobilidade social negativa, a classe C manteve a mesma representação populacional, correspondendo, nos dois anos, a 50% dos habitantes de Bauru.
“Claro que esta migração é negativa, mas o resultado é que esta nova classe C registrou um rendimento médio mais alto do que no passado e deverá ser a responsável por puxar o consumo e o crescimento da economia”, frisa. Para se ter uma ideia, em 2018, o potencial de consumo desta camada populacional na cidade havia sido de R$ 3,120 bilhões e, para 2019, o resultado esperado é de R$ 4,840 bilhões, ou seja, um aumento de 55%.
“Já as classes A e B perderam participação no consumo, algo que ocorreu não só em Bauru, mas na maioria dos municípios brasileiros”, observa Pazzini, acrescentando que, de modo geral, os municípios do Interior, principalmente os de médio e grande porte, têm apresentado melhor condição de renda. “Por isso, são cidades cujo potencial de consumo tem crescido acima da média das capitais e das regiões metropolitanas. E Bauru se insere neste contexto”, frisa.
PESO NO BOLSO
No levantamento do IPC Maps, foram analisadas as principais categorias de produtos, que incluem alimentos, artigos de limpeza e higiene pessoal, e manutenção do lar, mobiliários e vestuário, além de despesas com transporte, saúde, educação e recreação. E é a classe C a que mais irá gastar com manutenção do lar e alimentação dentro e fora do domicílio, que representam, de longe, as principais despesas das famílias bauruenses (leia mais abaixo).
Aceituno Jr. |
A auxiliar de administração Tatiany de Martino, 33 anos, e o filho Lucca: controle na quantidade de mercadorias a cada compra |
A auxiliar de administração Tatiany de Martino, 33 anos, sabe bem o quanto este tipo de gasto pesa no orçamento. Ela conta que vai ao supermercado a cada dois dias porque a família é habituada a consumir frutas, preferencialmente frescas.
Para equilibrar as contas, no entanto, a quantidade de mercadorias a cada compra precisa ser controlada. “Sempre compramos alimentos de preparo rápido e prático, porque meu marido trabalha à noite. Quando possível, preparo em maior volume para deixar congelado. E, umas duas vezes na semana, jantamos fora de casa, mas procurando não gastar muito”, comenta.
O estudo revela, ainda, que as famílias da classe C deverão gastar, em 2019, mais com transporte urbano, medicamentos e produtos de higiene pessoal, assim como mobiliários e artigos domésticos, eletrodomésticos, vestuário e calçados – todos itens liderados pela classe B no ano passado.
A projeção é de que a classe C também gaste mais com bebidas e cigarro. Por outro lado, a classe B deve investir mais em veículo próprio, outras despesas de saúde – como é o caso do convênio médico, bem como em material e mensalidade escolares e despesas com recreação, cultura e viagens.
Crescimento de 7% em Bauru
Elaborado com base em cruzamentos de dados do PIB, população e renda das famílias, o IPC Maps revelou que o potencial de consumo de Bauru avançou 7% em relação ao montante calculado em 2018, de R$ 10,537 bilhões. Apesar do cenário de crise econômica, a variação foi, inclusive, maior que a inflação registrada no ano passado. Ainda segundo o levantamento, o resultado colocou a cidade na 54.ª posição entre os municípios com maior poder de consumo no País e em 16.º lugar no ranking estadual. Entre as categorias de produtos e serviços listadas pela pesquisa, a manutenção do lar – que incorpora despesas com aluguel, luz, água, gás, telefone, Internet, TV a cabo e pequenos reparos domésticos – deve ser o item que mais irá corroer a renda do bauruense em 2019. Ele poderá responder por 27,7% do total de gastos previstos pelas famílias – no entanto, considerando apenas a classe C, o índice sobe para 30,9%. O estudo, aliás, aponta que, quanto mais pobres as famílias são, maior o comprometimento da renda com itens de necessidade básica. Nas classes D e E, por exemplo, a manutenção do lar deve representar, sozinha, 36% do total de despesas. Se incluídos os gastos com alimentação (fora e no domicílio), transporte urbano e medicamentos, o montante sobe para 67,4% entre as classes menos abastadas em Bauru. Já a estimativa para a classe C é reservar, em 2019, 59,8% para a manutenção do lar, alimentação, transporte urbano e medicamentos. Para a população classificada dentro da classe A, a garantia destes mesmos itens não ultrapassa 35,4% da renda. |