Termo desbancou “demure” e outras palavras na seleção feita pela Universidade de Oxford, conforme anunciado nesta segunda-feira (2)
Existe uma palavra para esse sentimento que você tem após ficar horas rolando os feeds das redes sociais – e a Universidade de Oxford escolheu esse termo como a palavra do ano de 2024. “Brain rot” (“cérebro apodrecido” ou “atrofia cerebral”, em tradução literal) levou o título numa votação da qual mais de 37 mil pessoas participaram.
Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (2), o Dicionário de Oxford definiu “brain rot” como “a suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, especialmente vista como resultado do consumo excessivo de material (principalmente conteúdo online) considerado trivial ou pouco desafiador”.
Enquanto o uso da palavra “brain rot” cresceu 230% neste ano, o termo surgiu há mais de um século.
Segundo o Dicionário de Oxford, a palavra foi usada pela primeira vez pelo autor Henry David Thoreau em seu livro “Walden, ou A vida nos bosques” para criticar a tendência da sociedade de desvalorizar ideais complexas em favor das mais simples.
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“Enquanto a Inglaterra se esforça para curar a praga da batata”, escreveu Thoreau, “não haverá nenhum esforço para curar a praga do cérebro – que prevalece muito mais ampla e fortemente?”. No trecho original, ele utiliza a palavra “rot” – que pode ser traduzida tanto para praga quanto para podridão.
“Brain rot” ganhou força no último ano, no entanto, especialmente à medida que as preocupações sobre o impacto do consumo excessivo de coisas online de baixa qualidade cresceram.
No começo deste ano, uma empresa provedora de saúde dos Estados Unidos começou a oferecer tratamento para “brain rot”, descrevendo a condição que causa “neblina mental, letargia, redução da capacidade de atenção e declínio cognitivo”.
A provedora também citou que navegar online incessantemente em meio a notícias ruins e o vício em redes sociais são exemplos do comportamento de “brain rot”, que poderia ser prevenido definindo um limite de uso das redes sociais ou fazendo um detox digital.
“‘Brain rot’ fala de um dos perigos da vida virtual e como nós estamos usando nosso tempo livre”, disse Casper Grathwohl, presidente do departamento de linguagens de Oxford, no anúncio desta segunda (2).
“Eu também acho fascinante que a palavra ‘brain rot’ foi adotada pelas gerações Z e Alpha… essas comunidades amplificaram a expressão através das redes sociais, no mesmo lugar responsável por causar o ‘brain rot’”, acrescentou. “Isso demonstra uma autoconsciência um tanto irreverente nas gerações mais jovens sobre o impacto prejudicial nas redes sociais que eles herdaram.”
A palavra superou outras cinco, que incluíam: “lore” (um conjunto de supostos fatos e informações, base para entender algo completamente), “romantasy” (uma palavra que combina elementos literários como ficção romântica e fantasia) e “slop” (conteúdo de baixa qualidade que foi gerado por inteligência artificial).
“Demure”, a palavra viral que dominou o TikTok no verão do hemisfério norte, também estava entre as finalistas. O termo foi escolhido como a palavra do ano por dicionário online.
No ano passado, a palavra escolhida por Oxford foi “rizz“.