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Bombeiros seguem buscas por vítimas do temporal em Petrópolis

Deslizamentos em decorrência das fortes chuvas deixaram ao menos 104 mortos. Defesa Civil resgatou 24 pessoas com vida

Pelo menos 104 pessoas morreram vítimas das chuvas mais intensas dos últimos 90 anos em Petrópolis, antiga cidade imperial, onde era travada nesta quarta-feira (16) uma corrida contra o tempo para encontrar eventuais sobreviventes debaixo da lama e dos escombros.

Até a noite desta quarta-feira, “104 mortes foram confirmadas”, informou a Defesa Civil do estado do Rio de Janeiro em seu último relatório. Vinte e quatro pessoas foram resgatadas com vida.

“O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro segue ininterruptamente, desde a tarde de terça-feira (15), as operações de busca e resgate por vítimas das fortes chuvas que atingiram o município de Petrópolis, na região serrana”, diz a nota.

“Os militares acessam todos os pontos seguros para as equipes. E, para isso, usam equipamentos como balão de iluminação, gerador, unidade rebocável de iluminação, refletores, headlamp e lanternas comuns. O protocolo exige, ainda, a presença de militares com apitos para casos de novos desmoronamentos.”

Um número que cresce sem parar com o passar das horas, após o temporal registrado na tarde de terça-feira na cidade localizada 68 km ao norte do Rio.

“Foi a pior chuva desde 1932”, declarou o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. “É quase uma situação de guerra”, completou.

Várias estradas de Petrópolis foram transformadas em rios caudalosos com correntezas que varreram tudo em seu caminho e deixaram um rastro de casas reduzidas a escombros e veículos empilhados na água e na lama.

Alguns pontos de Petrópolis receberam até 260 milímetros de chuva em menos de seis horas, um volume superior à média histórica para todo o mês de fevereiro (240 mm), segundo a agência meteorológica Metsul.

O Ministério Público do Rio de Janeiro informou que 35 pessoas foram “registradas” como desaparecidas em seu serviço de localização, embora os bombeiros e outras autoridades encarregadas dos resgates não tenham confirmado um número oficial de desaparecidos.

Vídeos que viralizaram nas redes sociais mostram imagens chocantes de algumas vias de Petrópolis transformadas em rios, arrastando tudo pelo caminho com uma força descomunal.

As equipes de resgate trabalham para socorrer os afetados, muitos dos quais procuram, em desespero, familiares e amigos em um devastador, constataram jornalistas da AFP.

“Ninguém esperava, foi desesperador, muito triste. Tenho amigos que estão desaparecidos”, disse Elisabeth Pio Lourenço, de 32 anos, moradora do bairro de Alta da Serra, em ruínas.

“Não quero ver chuva nunca mais na minha vida”, exclamou outro morador, Jerônimo Leonardo, de 47 anos, que na terça-feira teve que sair às pressas de casa, que ficou relativamente preservada.

Cerca de 400 militares trabalham em tarefas de socorro, juntamente com equipes da Defesa Civil e dos bombeiros, com cães, escavadeiras, caminhões, botes e uma dezena de aeronaves.

Autoridades alertam para um risco muito alto de novos deslizamentos na região montanhosa do Rio, especialmente em Petrópolis, devido à previsão de mais chuvas nos próximos dias, que poderão provocar outras inundações.

Em visita à Rússia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) desejou que “Deus console os familiares” das vítimas da “catástrofe” em Petrópolis, durante coletiva de imprensa conjunta com seu anfitrião, Vladimir Putin, a quem agradeceu a solidariedade diante do ocorrido.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, garantiu que o presidente estará “no local” nesta sexta-feira (18).

“O acumulado de precipitação na cidade de Petrópolis é incomum”, destacou a meteorologista Estael Sias em nota no site da Metsul, assegurando que esse desastre “não foi o primeiro e não será o último dadas as características climáticas da região, o seu relevo e a densidade populacional”.

O Brasil tem sofrido com episódios de chuvas intensas nos últimos três meses, principalmente nos estados da Bahia e Minas Gerais, que deixaram dezenas de mortos e causaram danos a centenas de municípios.

Os cientistas argumentam que, devido às mudanças climáticas, os eventos naturais extremos se tornarão cada vez mais frequentes.

Em janeiro de 2011, mais de 900 pessoas morreram na região serrana do estado do Rio devido às fortes chuvas, que provocaram inundações e deslizamentos em uma vasta área, incluindo Petrópolis e as cidades vizinhas Nova Friburgo, Itaipava e Teresópolis.

Cidade histórica

Petrópolis, de cerca de 300 mil habitantes, é uma cidade turística por seu valor histórico, pela natureza no entorno e por ter um clima mais ameno em comparação com o litoral do Rio de Janeiro.

No passado, foi estância de veraneio da antiga Corte Imperial brasileira. Durante o século 18 e início do 19, foi um ponto crucial no caminho entre Rio e Minas Gerais, que encantou o imperador Pedro 1º pelo clima e pela paisagem.

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