Ícone do site Revista Atenção

Bauruenses criticam exploração de preços dos repelentes nas farmácias

Pessoas que Usam Repelentes Fernanda Aparecida de Oliveira Anastacio

Jornal da Cidade – Cinthia Milanez

A estudante Ketlyn Eduarda Sinhorilio, de 21 anos, teve de trocar a marca do repelente que utiliza em seu filho, o pequeno Enzo Sinhorilio Pedro, de 5, porque o produto ficou 50% mais caro. Ela não é a única. Vários outros consumidores de Bauru reclamam da exploração do valor de alguns repelentes, principalmente, depois que o município passou a enfrentar a pior epidemia de dengue da sua história. Neste ano, a cidade já contabiliza 7.511 casos da doença, 12 mortes confirmadas e oito suspeitas.

A diferença dos preços também é visível entre as lojas físicas e o e-commerce. Para se ter ideia, o frasco de 100 mililitros de um repelente com icaridina custa entre R$ 42,90 e R$ 61,90 nas farmácias. Pela Internet, o mesmo produto varia de R$ 17,90 a R$ 61,41 (leia mais abaixo).

Ketlin, por sua vez, prefere comprar na loja física e usa o produto em seu filho desde que ele tinha 6 meses. “Até o ano anterior, eu pagava R$ 13,00 no repelente. Agora, o mesmo item custa R$ 25,00. Mudei para uma marca inferior, cujo preço é R$ 13,00”, relata.

REDUÇÃO DE TAMANHO

Jennifer Fabris dos Santos percebeu o aumento dos preços ao comprar o produto para o filho Brenno

Preocupada com a saúde da filha, de apenas 5 anos, a cuidadora Fernanda de Oliveira Mariano, de 32, também percebeu a alta dos preços. E mais: ela afirma que os frascos diminuíram de tamanho, de 200 para 100 mililitros. “Mesmo assim, o valor está igual ou, em algumas farmácias, até mais elevado”, reforça.

Já a autônoma Blenda Cutrim, de 22 anos, é mãe da pequena Ana Vitória Leite Pinheiro, de 3. Ela também reparou que houve aumento dos preços e redução dos frascos. “Precisamos fazer uma boa pesquisa antes de comprar”.

A promotora de negócios Jennifer Fabris dos Santos, de 25 anos, passa repelente em seu filho, Brenno Fabris, de 4. Todo mês, ela compra um frasco e acredita que algumas farmácias aproveitem o medo da epidemia para obter lucro.

Colega de Jennifer, a promotora de negócios Fernanda Oliveira Anastácio, de 23, é mãe de Noah Oliveira Anastácio, de 2 anos. “Desde que ele completou seis meses, eu mando fazer o repelente e, até nas farmácias de manipulação, o produto ficou mais caro”.

NAS FARMÁCIAS

O JC entrou em contato com dez farmácias sediadas no município. Nelas, os preços dos repelentes variavam de R$ 8,90 a R$ 64,90. Os produtos com icaridina, que conferem até 10 horas de proteção contra os insetos, são mais caros.

Do total, cinco estabelecimentos do tipo chegaram a assumir o aumento dos preços dos repelentes, provocado pela epidemia de dengue. Porém, disseram que os próprios laboratórios já repassaram os valores maiores.

Destes cinco, dois alegaram que os frascos estão menores e os preços, mais “salgados”. Outras empresas insistiram em afirmar que o valor e o tamanho dos recipientes não sofreram qualquer alteração.

Comparando preços

O Jornal da Cidade fez uma pesquisa de preços em algumas farmácias e no e-commerce. No caso de um repelente de 100 mililitros com icaridina, os preços variam de R$ 42,90 a R$ 61,90. Pela Internet, o mesmo produto custa entre R$ 17,90 e R$ 61,41.

Se comparado o valor mínimo cobrado pelas farmácias com aquele do e-commerce, percebe-se que este produto é 140% mais caro nas lojas físicas.

Já o repelente de 200 mililitros, de marca popular e sem icaridina, custa entre R$ 17,48 e R$ 32,90 nas farmácias. Pela Internet, os preços variam de R$ 29,90 a R$ 29,99.

Se comparado o valor mínimo cobrado pelas farmácias com aquele do e-commerce, este produto é 71% mais barato nas lojas físicas.

Por fim, outra marca de repelente sem icaridina, mas com 100 mililitros, custa entre R$ 9,90 e R$ 26,90 nas farmácias e, no e-commerce, de R$ 10,99 a R$ 13,99. Pelo valor mínimo, o produto das lojas físicas está 11% mais em conta.

Fique de olho: Fundação Procon dá orientações para os consumidores

Pesquisar os preços é a primeira orientação da Fundação Procon SP. Segundo o órgão, o ideal é levantar, pessoalmente, os valores nas lojas físicas, de médio e grande porte, escolhidas aleatoriamente e distribuídas na cidade.

Além disso, a instituição alega que o consumidor também deve utilizar como critério o “preço com desconto máximo para o cliente comum”, independente da exigência de cadastro. É considerado cliente comum aquele que não possui nenhuma condição especial (aposentado, empresas, planos de saúde conveniados etc.).

Outra opção é dar preferência à farmácia onde costuma comprar com frequência e que valorize tal fidelidade, com descontos e preços diferenciados.

Coordenadora do Núcleo Regional da Fundação Procon SP, em Bauru, Valéria Cunha esclarece que não existe tabelamento de preços para repelentes, somente para medicamentos. “É comum encontrarmos variações entre um estabelecimento e outro”, acrescenta.

Logo, tudo fica por conta da famosa lei da oferta e da procura. Porém, caso alguma farmácia aplique um preço extremamente abusivo e o consumidor, de fato, faça uma denúncia junto ao Procon, o órgão tem o poder de fiscalizá-la, bem como tomar as medidas legais cabíveis.

‘Depende da indústria’

Delegada regional do Conselho Regional de Farmácia (CRF) – Seccional de Bauru, Rute Mendonça Xavier de Moura esclarece que não havia tomado conhecimento da situação até a reportagem acioná-la. Embora o órgão seja responsável tão somente pelo profissional farmacêutico – e não pelo mercado propriamente dito -, a delegada acredita que a alta de preços dependa da indústria. “Mesmo assim, se a farmácia tiver um bom estoque, por exemplo, pode ser que o consumidor final não sinta qualquer elevação”, justifica.

Alguns estabelecimentos, como as grandes redes, têm maior rotatividade, ou seja, se determinado produto está em falta, conseguem tirar de uma loja e repor em outra rapidamente, evitando o aumento.

Logo, a orientação de Rute é fazer a boa e velha pesquisa de preços. “É possível, ainda, procurar pelos manipulados. Em alguns casos, tais produtos saem mais em conta do que os industrializados”.

Você sabia?

Algumas pessoas acreditam que os repelentes com icaridina sejam mais eficazes contra o mosquito da dengue, especificamente. Contudo, a única diferença destes produtos para os demais é que conferem maior tempo de proteção, aproximadamente 10 horas. Quando aplicados sobre tecidos, podem durar até 72 horas.

SERVIÇO

Para fazer qualquer denúncia junto ao Procon, basta ir até o Poupatempo, que fica na rua Inconfidência, 4-50, Centro. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 13h.

Fonte: https://m.jcnet.com.br/Economia/2019/03/bauruenses-criticam-exploracao-de-precos-dos-repelentes-nas-farmacias.html?utm_source=Whatsapp&utm_medium=referral&utm_campaign=Share-Whatsapp

Sair da versão mobile