Restando cinco meses para as eleições deste ano, Bauru tem, até o momento, mais de 20 pré-candidatos a deputado estadual e federal, situação semelhante a de outras eleições. E quem analisa o cenário político afirma que esse grande número de candidatos pode novamente significar um pequeno número de eleitos, ou nenhum.
Para deputado federal, são pelo menos sete pré-candidatos. Para deputado estadual, são outros 12 nomes, e há ainda aqueles que pensam em disputar a eleição, mas não definiram para qual cargo.
Douglas Reis |
Celso Zonta diz que a eleição pode trazer muitas surpresas |
Na avaliação do professor Celso Zonta, docente aposentado da Unesp/Bauru e especialista em comportamento político, a situação deste ano em relação ao número de candidatos é parecida com a de outras eleições, com a diferença de que o momento político do País é mais crítico, pesando nas decisões do eleitor.
De acordo com Zonta, nas eleições deste ano, há uma tendência de redução dos três partidos que dominaram a política brasileira nas últimas décadas, no caso o MDB, PT e PSDB, enquanto legendas pequenas e médias podem ganhar peso e assumir protagonismo. “A política brasileira está em um momento de indefinições, e os três maiores partidos do Brasil são os mais afetados por isso. Há espaço para o surgimento de novos nomes, mas, ao mesmo tempo, abre espaço para que apareçam aventureiros”, alerta.
Ainda na visão do especialista, os processos na esfera federal devem se refletir nas eleições estaduais, e ainda para senador e deputado. “No caso da disputa para deputado estadual e federal, novamente Bauru tem um grande número de nomes. Parte deles, possivelmente, acabe declinando até o início de fato da campanha, em agosto, e, depois, a tendência é que o eleitorado se concentre em dois ou três nomes para cada disputa, e o restante perca espaço, é algo que já ocorreu em eleições anteriores”, relata.
NULOS E BRANCOS
O aumento do número de votos nulos, brancos e de eleitores que sequer devem votar é outro fato que merece destaque. “Essa possibilidade é algo que deve ser considerada. Pelo momento do País, muitos eleitores talvez acabem optando por não escolher ninguém, o que acontece ainda mais em cargos como deputado e senador. Portanto, o candidato que conseguir um bom número de votos tem grande chance de se eleger, pois o quociente deve diminuir”, aponta.
“Em eleições anteriores, cerca de 40% do eleitorado de Bauru que votava em alguém escolhia um candidato de fora. Pode ser que, neste ano, isso reduza um pouco, e as pessoas busquem nomes mais conhecidos, o que favoreceria candidatos da região. Mas sempre haverá uma parcela que votará em candidatos de fora”, enfatiza.
MARCANDO ESPAÇO
Outro fenômeno que ajuda a explicar o grande número de candidatos é que parte deles entra mais para demarcar espaço na política e projetar o nome para eleições futuras a vereador, prefeito, ou até mesmo para a próxima eleição de deputado, daqui quatro anos. “Isso é algo que acontece sempre. Há alguns candidatos que, de fato, entram com chance de se eleger, outros disputam para testar o nome, se tornar mais conhecido, já pensando em uma futura eleição municipal daqui a dois anos, para prefeito ou vereador”, resume.
Sem deputado federal desde 1998, portanto há 20 anos, Bauru chegou a ter candidatos bem votados desde então, mas sem conseguir emplacar ninguém. Em 2002, Caio Coube foi o mais votado e, em 2006, o campeão de votos foi Rodrigo Agostinho, que, depois, seria eleito prefeito. Ambos, contudo, não conseguiram entrar na Câmara dos Deputados. Em 2010, o mais votado foi Carlos Octaviani, ex-prefeito de Agudos, e, em 2014, a maior votação foi para Clodoaldo Gazzetta, atual prefeito de Bauru. Nenhum deles conseguiu se eleger.
Já para deputado estadual, Pedro Tobias conseguiu cinco eleições consecutivas e, neste ano, decidiu não concorrer. Seu partido, o PSDB, lançou Caio Coube. O outro deputado estadual de Bauru é Celso Nascimento, que concorre à reeleição. O espaço deixado por Tobias é outro fator que pesará neste ano. “O fato dele não concorrer significa que há um eleitorado que escolherá outro nome, em Bauru e na região. Resta saber se o partido conseguirá transferir essa votação para o seu candidato, ou se haverá uma pulverização dessa votação que antes era do deputado”, lembra.
FALTA DE LIDERANÇAS
Por fim, Celso Zonta destaca a falta de lideranças políticas. “O Brasil sente falta de novas lideranças, e a cidade também. Temos um grande número de candidatos, mas poucas lideranças de fato consolidadas em Bauru e região”, conclui.
Da atual Câmara Municipal, há três pré-candidatos, que são os vereadores Fábio Manfrinato (PP), Coronel Meira (PSB) e Telma Gobbi (SD), todos a deputado estadual. Entre ex-vereadores, podem concorrer Luís Carlos Valle (PSL) e Roque Ferreira (PSOL), ambos a deputado federal, e Raul Gonçalves Paula (Podemos) a estadual. Há ainda pré-candidatos que entram pela primeira vez em uma disputa, e outros que já concorreram em eleições municipais a prefeito ou vereador.
Trocas de partidos movimentam os bastidores
O prazo para a filiação terminou em 7 de abril, e houve algumas trocas de partidos entre pré-candidatos da cidade. O ex-prefeito Rodrigo Agostinho, que era do MDB, recebeu o convite de vários partidos, como o Podemos, Rede, PPS, PV e PSB, e acabou escolhendo o último. Ele pode formar uma dobrada até pouco tempo atrás improvável. Rodrigo deve se candidatar a deputado federal, e a legenda tem como pré-candidato a deputado estadual o vereador Coronel Meira.
Outra troca que movimentou os bastidores foi a do ex-vereador Raul Gonçalves Paula, que saiu do PV e foi para o Podemos. Ele se candidatou a prefeito em 2016 e foi até o segundo turno. Outra troca foi de Darlene Tendolo, que saiu do MDB e foi para o PPS. Ela ainda avalia se sairá candidata a deputada estadual ou se concorrerá apenas em 2020 nas eleições para prefeito ou vereador. Por fim, o MDB filiou o empresário Rodrigo Mandaliti e a jogadora Tifanny, do Vôlei Bauru, que podem sair a deputado estadual e federal, respectivamente, e o PTB recebeu o empresário João Bidu, que ainda estuda se concorrerá a algum cargo neste ano.
Além dos pré-candidatos de Bauru, há ainda candidatos da região que devem buscar votos na cidade e contam com grupos de apoio em Bauru, casos do ex-prefeito de Agudos, Carlos Octaviani, que foi para o PEN – legenda que busca mudança de nome para Patriotas – e os deputados federais Milton Monti (PR-SP), que é de São Manuel, e Capitão Augusto (PR-SP), de Ourinhos, e Ricardo Izar Jr. (PP-SP), da capital paulista.
Fonte: https://www.jcnet.com.br/Politica/2018/05/bauru-tem-mais-de-20-precandidatos.html