Em toda eleição se repetem as reclamações, sobretudo em centros regionais como Bauru, de que os eleitores da terra dispersam muitos votos em candidatos de fora e de que o excessivo número de candidaturas provoca a pulverização de votos. Na eleição a cargos proporcionais neste 2018, os bauruenses concentraram o equivalente a 62% dos votos a deputado federal e estadual em candidatos ligados ao município. Os números não foram suficientes para que a cidade elegesse mais do que um deputado federal. E na Assembleia, o pior: a cidade ficou sem representação nativa.
É o que mostram os dados oficiais da Justiça Eleitoral sobre as votações na cidade de Bauru. Percentualmente, a distribuição de votos em candidatos locais a deputado estadual e federal se equivalem. Bauru elegeu à Câmara Federal o ex-prefeito Rodrigo Agostinho (PSB), sendo que 62% dos votos válidos foram em candidatos da cidade. Foram 112 mil, distribuídos entre candidatos bauruenses a federal neste ano, contra 90 mil votos em 2014 (51%).
A performance a uma vaga em Brasília por candidatos locais teve concentração de votos em Rodrigo. Ele obteve de bauruenses 80.519 votos, dos pouco mais de 100 mil registrados nas urnas em seu nome. Isso representa 44,41% do total de votos bauruenses em bauruenses. Edu Avallone (PRB) ficou com outros 16.545 votos na cidade, performance que o deixou muito distante de conquistar uma cadeira ao Congresso. O restante dos votos da cidade foram distribuídos entre outros 10 candidatos, num total de 12 postulantes de diferentes legendas por Bauru.
As candidaturas de fora da cidade ficaram com 38% dos votos, ou 69 mil. Destes, Eduardo Bolsonaro (PSL) foi beneficiado também aqui pela identificação com o pai, inclusive no nome, o presidenciável que liderou as pesquisas na etapa final e vai disputar o segundo turno, Jair Bolsonaro. Eduardo obteve 8.889 votos em Bauru mesmo tendo pouca participação na campanha na cidade.
Capitão Augusto (PR), por exemplo, ficou com 5.591 votos de bauruenses, mas realizou inúmeras ações em seu atual mandato especificamente por Bauru e contou com interlocução local para sua penetração.
Entre os federais, os dados não trazem os possíveis votos de Henrique Almirates (PRB) e Wagner Crusco (PCO), que estão com suas candidaturas sub-júdice. O mesmo aconteceu com os votos a deputado estadual de Osmar Brito (PCO), também ainda não computados pela Justiça Eleitoral até a definição sobre a efetividade jurídica da candidatura.
ESTADUAL
Para deputado estadual, os eleitores bauruenses distribuíram 62,5% dos votos entre os 13 candidatos registrados pelo município. A pulverização, com quatro nomes concentrando maior volume de votos, porém, retirou de Bauru a representação na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Há quase 40 anos Bauru mantinha pelo menos uma cadeira na Alesp. A federal, para lembrar, desde 1994 Bauru não elegia um deputado, quando Tuga Angerami cumpriu seu mandato em Brasília.
Os 62,5% dos votos bauruenses em candidaturas bauruenses à Assembleia neste ano representaram 111,7 mil. Em 2014, o percentual foi de 66% (114 mil votos). Como o número de eleitores em Bauru cresceu 10 mil (258 mil contra 268 mil em 2018), a performance a estadual caiu.
Com Pedro Tobias (PSDB) encerrando seu ciclo de mandatos neste ano, no início de 2019 nenhuma cadeira na Alesp terá um bauruense. A jornalista Suéllen Rosim (Patriota) é a primeira suplente. Ela ficou cerca de 10 mil votos atrás do último eleito à Assembleia por seu partido, Paulo Correa Jr. O médico e ex-vereador Raul Gonçalves de Paula é o segundo suplente no Estado pelo Podemos, 7.000 votos atrás do último dos quatro deputados eleitos pelo partido.
Entre os bauruenses, Fábio Manfrinato (PP) foi bem votado, com 36,8 mil de registros em Bauru. Mas a forte coligação o deixou distante de uma vaga na Alesp.
O resultado final até poderia ser diferente, não fossem as 49 mil ausências nas urnas de eleitores da cidade. Além disso, outros 31,7 mil votos foram nulos ou brancos a deputado estadual.
A federal, a soma de votos brancos e nulos foi de 29 mil neste ano. A “perda” de votos bauruenses por ausência ou a opção branco nulo foi menor do que 2014 tanto a federal quanto a estadual. Mas, ao final, a cidade garante uma cadeira entre as 513 em Brasília, mas deixa a “sala São Paulo” vazia, na Assembleia Legislativa.
Sem derrame de santinhos, eleição na cidade foi uma das mais limpas de toda a história
Por Marcele Tonelli, Luciana La Fortezza, Marcus Liborio e Cinthia Milanez
A votação em Bauru neste domingo (7) foi uma das mais limpas da história, com poucos derrames de santinhos. O fato foi confirmado pelos três juízes eleitorais. Conforme o JC noticiou, a Justiça Eleitoral armou uma série de estratégias para coibir os sujões, como campanas em locais previamente mapeados como ‘estoques’ de santinhos.
Além de limpa, a eleição também foi tranquila. Duas pessoas foram presas por boca de urna e houve também apreensão de material de campanha.
Na 23.ª Zona Eleitoral, a maior do município, o juiz Jayter Cortez Júnior cita que houve a substituição de apenas sete urnas e foram poucos registros de derrames de santinhos. “Foi uma eleição limpa, com poucos santinhos jogados nas escolas da nossa Zona Eleitoral”.
A organização e votação no âmbito da 300.ª Zona Eleitoral de Bauru também se deu de forma tranquila. A juíza eleitoral Ana Carla Criscione considera que deu resultado a estratégia dos juízes de advertirem contra o derrame de santinhos. “Foi absolutamente tranquilo o pleito. E a Justiça Eleitoral contou com o apoio operacional da prefeitura e demais órgãos na fiscalização preventiva. A imprensa anunciar com antecedência o trabalho de fiscalização para apreensão de material na madrugada ajudou. E os candidatos aqui também participaram desse espírito cívico e não descartaram material. Uma eleição limpa dentro e fora dos colégios”, avaliou.
O juiz eleitoral da 387.ª Zona Eleitoral, André Luís Bicalho Buchignani, também considerou positiva a organização em sua área. “O balanço que eu faço é o mais positivo possível. Foi uma eleição muito limpa em termos de santinhos. Houve derrama, mas em um número muito insignificante. A prefeitura deu um apoio mais que eficiente, pois as escolas foram limpas o mais rápido possível”, destaca, complementando que apenas duas urnas foram substituídas;
Duas equipes da Emdurb transitaram por pontos de votação para trabalho de varrição de santinhos que eventualmente ainda estivessem no chão, como ocorreu na Escola Estadual Luiz Zuiani (Parque Paulistano) e na Mercedes Paz Bueno (Higienópolis).
Ainda em relação às urnas com problemas, um caso chamou a atenção. Na USC (Jardim Brasil), um eleitor tropeçou em um cabo e o equipamento caiu. Assim, precisou ser trocado.
BOCA DE URNA
Dois fiscais de partido foram presos pelo crime de boca de urna, na tarde de domingo, no Centro de Transformação e Vivências (CTV) – unidade usada para substituir a E.E. Professor Francisco Alves Brizola (que está em reforma) na eleição deste ano -, no Núcleo José Regino.
Segundo o juiz eleitoral André Luís Bicalho Buchignani, a dupla se oferecia para acompanhar o eleitor até a sua seção e, durante o trajeto, distribuía santinhos com objetivo de influenciar o voto.
“Os dois foram detidos e levados ao DP (Departamento de Polícia) para lavratura de um termo circunstanciado pela boca de urna porque eles estavam abordando eleitores na porta da escola, conduzindo-os até a seção eleitoral e, nesse caminho, entregando santinho de um determinado candidato”, detalha o juiz.
Bicalho cita, ainda, que os dois teriam sido ouvidos e liberados. O material utilizado pela dupla para cometer o crime eleitoral foi apreendido para investigação.
Pela manhã, a juíza eleitoral Ana Carla Criscione, representante da 300.º Zona Eleitoral, apreendeu material de campanha em uma lixeira em frente à Escola Estadual Irmã Arminda Sbrissia, na Vila Nova Esperança. O responsável não foi localizado.
‘Voto autofinalizado’
Dois dos três cartórios eleitorais de Bauru registraram, pelo menos, 13 reclamações de urnas que teriam se encerrado antes de os votantes apertarem a tecla ‘confirma’ em diferentes locais de votação do município. A maior parte das queixas é da 23.ª Zona Eleitoral. Quando a mãe do empresário Marco Ribeiro, de 39 anos, tentou votar para presidente da República, na Seção 315 da Escola Estadual Stela Machado, a urna ficou embaralhada e ela não teve como confirmar a sua escolha. “Minha mãe não conseguiu ver a foto, a tela simplesmente apagou. Não sabemos se o voto foi computado”, relata o filho da eleitora. O mesmo teria ocorrido na Seção 322 do Colégio São José, na Seção 8 da Escola Estadual Professor José Ranieri e na Seção 95 da Escola Estadual Mercedes Paes Bueno. Chefe do cartório da 23.ª Zona Eleitoral, Munir Sayed esclarece que, só neste órgão, houve 11 queixas do tipo. “Em um universo de 100 mil eleitores, não é um número significativo, mas esta questão será devidamente apurada”, frisa. Segundo ele, a orientação foi de que os eleitores fizessem um requerimento junto ao seu respectivo cartório eleitoral e o documento será analisado pela Justiça Eleitoral. Já na 300.ª Zona Eleitoral, foram registradas duas queixas semelhantes. Não houve reclamações na 387.ª Zona Eleitoral. |
Fonte: https://www.jcnet.com.br/Politica/2018/10/bauru-segura-62-de-votos-a-deputado.html