Trata-se do sétimo avanço consecutivo da Selic, cujo atual ciclo de alta começou em abril deste ano
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou nesta quarta-feira (8), uma alta de 1,5 ponto percentual (p.p.) na Selic, taxa básica de juros da economia, que foi de 7,75% a 9,25% ao ano. Com isso, a taxa volta ao patamar de julho de 2017.
Trata-se do sétimo avanço consecutivo da Selic, cujo atual ciclo de alta começou em abril deste ano.
Em sua 243ª reunião, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic. A alta de 1,5 ponto, que já havia sido sinalizada pela autoridade na reunião passada, era amplamente esperada pelo mercado.
A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para conter a inflação, que já passa de dois dígitos, e fica muito acima da meta para este ano, cujo limite superior é de 5,25%.
“Acreditamos que a alta da taxa de juros já tem dados sinais na economia real, influenciado pela política contracionista do BC”, diz Regis Chinchila analista da Terra Investimentos. “Entretanto, o BC segue atento ao processo e ancoragem das expectativas em torno de suas metas inflacionárias, deixando claro o papel de monitoramento dos choques de preços no mercado interno e externo com preço das commodities”.
Em nota, o Copom afirmou que entende que “essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos-calendário de 2022 e 2023”.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, disse ainda.
O Comitê ressaltou que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções: por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria uma trajetória de inflação abaixo do cenário básico.
Por outro lado, novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país.
Cenário brasileiro
Em todas as reuniões, o Copom descreve o cenário da economia brasileira e mundial. No último encontro deste ano, o Comitê afirmou que no mercado externo, o ambiente se tornou menos favorável. Alguns bancos centrais das principais economias expressaram claramente a necessidade de cautela frente à maior persistência da inflação, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes, argumenta o Copom em nota.
Ao mesmo tempo, alega o Comitê, a possibilidade de nova onda da Covid-19 durante o inverno e o aparecimento da variante Ômicron adicionam incerteza quanto ao ritmo de recuperação nas economias centrais. Além de que a inflação ao consumidor continua elevada. A alta dos preços foi acima da esperada, tanto nos componentes mais voláteis como também nos itens associados à inflação subjacente.
E em relação à atividade econômica brasileira, “os indicadores divulgados desde a última reunião mostram novamente uma evolução moderadamente abaixo da esperada”, escreveram em nota.
Contudo, João Beck, economista e sócio da BRA, afirma que o Copom deixou de mencionar os preços de energia que também “podem contribuir positivamente conforme o risco hídrico vai se dissipando”.
Confira a Selic nos últimos anos
Futuro
Marilia Fontes, sócia-fundadora da Nord Research, diz que o Comitê está com a expectativa para 2022 acima da meta, assim como a de 2023, “o que significa que o Banco Central irá subir a taxa até que as expectativas do Focus sejam ancoradas em torno da meta”.
O Copom anunciou que irá perseverar sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê considera que, diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista.
Dessa forma, para a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude, ou seja, a taxa de juros a 10,75%. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.
Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos, acredita que o Copom avance até 11% na Selic, encerrando o atual ciclo de aperto monetário na 3ª reunião de 2022. Enquanto no último Boletim Focus divulgado na segunda-feira (5), a expectativa da Taxa Selic finalizaria 2022 em 11,25%.
Já Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, afirma que a Selic será elevada em 150bps novamente nas duas reuniões iniciais de 2022, interrompendo o ciclo em 12,25%.