Sete anos depois da aventura, a postagem do agora ‘viajante profissional’ de Igaraçu do Tietê (SP) chegou a quase 7 milhões de visualizações e o incentiva a perseguir a meta de conhecer 120 países do mundo.
Por Sérgio Pais, G1 Bauru e Marília — Igaraçu do Tietê, SP
Aventura de vendedor que foi de moto do interior de SP ao Alasca viraliza na internet
Uma postagem despretensiosa feita em uma rede social por uma pessoa desconhecida fez a aventura do vendedor Diego Giacomeli, que viajou de moto de Igaraçu do Tietê (SP) até o Alasca há sete anos, viralizar na web.
Um internauta fã do aventureiro resolveu reviver a façanha do vendedor e repostou o filme da viagem que Giacomeli fez em 2011 e que o levou por mais de 23 mil quilômetros, em uma moto popular, do interior de São Paulo até o estado norte-americano localizado no círculo polar ártico.
Em uma moto “popular”, Diego Giacomeli foi de Igaraçu do Tietê ao Alasca: aventura de 2011 renasce pelas redes sociais — Foto: Sérgio Pais/G1
A postagem do vídeo dessa aventura feita há sete anos atingiu a marca dos 7 milhões de visualizações, até a manhã deste sábado (17), o que incentivou o viajante paulista a perseguir um desejo invejável para quem gosta de pegar estrada e conhecer o mundo: chegar a quase 120 países visitados.
Incluindo a viagem “maluca” ao Alasca, Diego Giacomeli, de 35 anos, já pisou em 67 países de quase todos os continentes do mundo – só não foi à Oceania.
Postagem da viagem feita há sete anos já chegou nesta semana a quase 6,7 milhões visualizações — Foto: Facebook/Reprodução
De moto, incluindo o Brasil, foram 20 países. Os outros 47 que aparecem em carimbos nos passaportes de Giacomeli foram conhecidos na base do “mochilão”.
“O mundo tem 195 países reconhecidos pela ONU, sei que vai ser difícil ver todos, mas acredito que chego a pelo menos mais uns 50 países que estão listados nos meus sonhos, o que daria cerca de 120 carimbos no meu passaporte”, arrisca o vendedor/viajante.
Diego coleciona até agora 67 carimbos em seus passaportes: meta é conhecer mais “uns 50 países” — Foto: Sérgio Pais/G1
Só em cima de sua moto de baixa cilindrada, semelhante às usadas por motoboys, o vendedor (de motos, claro) já passou por 19 países nas Américas: Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala, México, Estados Unidos e Canadá.
No Brasil, sua motoca de 150cc só não passou por Amapá e Piauí. Em motocicletas alugadas, o aventureiro já desafiou o trânsito de localidades como Vietnã, Laos e Camboja, na Ásia.
Dentre os destinos ainda sonhados pelo vendedor estão países como China, Índia, Nepal, Austrália, e vários da África, continente do qual só conhece o Egito. “Já tenho até um roteiro planejado, com África do Sul, Zimbábue, Zâmbia e Namíbia”, diz.
‘Planejamento é tudo’
Diego Giacomeli conta que seu gosto por conhecer lugares além das fronteiras de sua cidade surgiu quando ele ainda era menino. Ainda de bicicleta, ele começou a “testar” sua vocação de viajante, com visitas a cidades vizinhas a Igaraçu do Tietê.
Com pouco dinheiro, mas muito planejamento, vendedor de motos de Igaraçu do Tietê já chegou a destinos como a Indonésia — Foto: Arquivo pessoal
Com a compra da sua primeira moto, as fronteiras começaram a ser ampliadas para viagens a outros estados. Com 21 anos, o vendedor já havia viajado para quase todos os estados do Brasil. Depois vieram aventuras por países da América do Sul até chegar ao seu feito máximo, em 2011, com a ida ao Alasca.
Além das viagens em duas rodas, Diego também pegou gosto por viajar por outros continentes no esquema “mochilão”, ou seja, viagens feitas com pequenos gastos em relação a hospedagem e passagens aéreas. Em todas elas, explica Diego, o planejamento é sua arma principal.
“A viagem ao Alasca me consumiu centenas de horas de planejamento, sobre onde pode e não pode passar, a questão financeira, documentação, vistos, passaporte, documentação da moto. Mas para as outras também só consegui porque me planejei muito”, conta.
Ele admite a viagem ao Alasca virou sua “marca registrada” e o tornou admirado nas redes sociais por pessoas que pedem conselhos e dicas de como fazer uma aventura desse nível.
“Após esse feito as pessoas começaram a perceber que, com planejamento, é possível. Ou seja, elas sabem que não sou rico, que não tinha uma moto estradeira de alta cilindrada, e mesmo assim consegui chegar tão longe. E isso estimula as pessoas a correrem atrás de seus sonhos”, diz.
Diego Giacomeli em Honduras, durante sua viagem ao Alasca: “Esta aventura é prova que todos podem correr atrás de seus sonhos” — Foto: Arquivo pessoal
E com planejamento e sua “especialização” em programar destinos, o vendedor já definiu um de seus próximos destinos. Pesquisando na internet, achou passagem de ida e volta a Israel por um preço incrível e o país do Oriente Médio entrou na sua rota até meados do próximo ano.
O vendedor diz ainda que a viralização de sua aventura tanto tempo depois também o incentivou a pensar em viver de sua paixão. Diego confessou que gostaria de encontrar uma forma de transformar as viagens em sua profissão, mas ainda não definiu como fará isso.
Correndo pelo mundo
Além de viajante “profissional”, o vendedor de motos de Igaraçu do Tietê tem nas corridas de rua sua segunda paixão.
Atleta amador, Diego Giacomeli participa com regularidade de provas de meia maratona (21 km), maratona (42 km) e até de ultramaratona, provas que podem chegar a 100 km – ele já disputou três dessas, com distâncias de 62 km, 70 km e 72 km.
Diego Giacomeli durante largada da Maratona de Belgrado: paixão por corridas e condicionamento físico em dia para as viagens — Foto: Arquivo pessoal
Em suas viagens, sempre que pode, ele trata de conciliar suas duas paixões. O vendedor já participou de corridas de ruas em destinos turísticos como Cracóvia (Polônia), Belgrado (Sérvia) e Pristina (Kossovo).
Além da paixão em correr, Diego explica que o prepara físico semelhante ao de um atleta de alto rendimento é fator que o ajuda muito no estilo de viagens que faz, de custos reduzidos inclusive com transporte.
“Ser um corredor quase profissional me ajuda muito porque nos destinos que visito sempre preciso andar muitos quilômetros a pé. Se não estivesse tão preparado, teria de restringir meus passeios ou então gastar mais com transporte”, explica.
Diego Giacomeli durante provas de corrida de rua em Cracóvia, Belgrado e Pristina — Foto: Arquivo pessoal.
Fonte: https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2018/11/17/aventura-de-vendedor-que-foi-de-moto-do-interior-de-sp-ao-alasca-viraliza-na-internet.ghtml