Após Argentina atingir maior inflação em 32 anos, ministro-candidato anuncia auxílios e isenções

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Sergio Massa comunicou que cerca de 18 milhões de pessoas serão beneficiadas pela devolução de impostos sobre produtos da cesta básica

A inflação divulgada na última quarta-feira (13) pelo Instituto Nacional de Estatísticas da Argentina representou os maiores índices em 32 anos: 12,4% em agosto e 124,4% no acumulado dos últimos 12 meses.

Horas depois, o Ministro da Economia e candidato à Presidência, Sergio Massa, anunciou que cerca de 18 milhões de pessoas serão beneficiadas pela devolução de impostos sobre produtos da cesta básica.

A semana no país começou com outra isenção. Trabalhadores que ganham até R$ 25 mil (1,7 milhões de pesos argentinos) por mês não pagarão imposto de renda. Nos últimos dias, o governo anunciou aumentos e bonificações para aposentados, trabalhadores dos setores público e privado e domésticas, além de facilitar o acesso ao crédito.

As medidas são uma resposta ao impacto da vitória do ultraliberal Javier Milei nas eleições primárias em agosto.

No dia seguinte ao pleito, o governo desvalorizou o peso argentino em 22%, o Banco Central aumentou a taxa básica de juros de 97% para 118% ao ano, o dólar do mercado paralelo disparou e os preços foram às alturas, e o argentino sentiu no bolso.

Apesar de tentar gerar um alívio para milhões de argentinos diante da crise, analistas concordam que as medidas do governo devem provocar mais inflação nos próximos meses e tentam garantir que Sergio Massa chegue ao segundo turno das eleições contra Milei.

Para o cientista política Pablo Touzon, “a única coisa que [o governo] pode fazer são essas medidas demagógicas de curto prazo para ver se podem ter um impacto mais ou menos rápido no bolso das pessoas. Eu não acredito que isso tenha um impacto eleitoral (…) acho que é mais um fetiche da classe política governante do que uma realidade que tenha um resultado eleitoral depois.”

Segundo o economista Martín Kalos, as medidas podem ajudar a candidatura do ministro, mas podem deixar um cenário fiscal ainda mais complexo para a próxima administração.

“O governo vai deixar um déficit relativamente alto, provavelmente em torno de 3 pontos do PIB, quando todos os candidatos à presidência, inclusive Massa, prometem chegar ao equilíbrio fiscal no próximo ano. Essa redução de 3 pontos do PIB de um ano para o outro pode ser bastante complicada, principalmente em termos de impacto social”, explicou Kalos.

Veja também: Inflação na Argentina tem maior alta mensal em 32 anos

 

 

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