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Adolescente da Venezuela usa charges políticas para retratar crise nacional

Em um desenho, a Justiça é vista fugindo da Venezuela, com uma espada na mão direita e uma mala na esquerda.

Em outro, um menino em prantos diz ao pai que não quer que as aulas voltem. Angustiado, seu pai olha uma lista de materiais escolares caros e diz: “Nem eu, meu filho.”

Em um terceiro desenho, um venezuelano é visto correndo em direção a uma nave espacial alienígena e implorando ajuda.

O criador dessas charges políticas eloquentes é Gabriel Moncada, um estudante venezuelano de 13 anos.

O adolescente maduro de óculos sempre gostou de desenhar animais e carros, mas alguns anos atrás começou a retratar o desespero de seus compatriotas com a hiperinflação, a emigração em massa e a escassez de alimentos e remédios.

“As crianças começam a perceber (o que está acontecendo) porque não vão mais tanto ao cinema, percebem que não podem ficar na rua até tarde, não há muita comida em casa ou os mesmos produtos”, disse Gabriel, sentado à mesa onde desenha.

“Os desenhos são uma maneira de me expressar. Acho que é uma maneira criativa, divertida e diferente de mostrar os problemas que vivemos diariamente”, disse.

Sua mãe, a jornalista de rádio Cecilia González, de 46 anos, começou a publicar as charges do filho em sua página de Facebook no final de 2016. Impressionada, uma amiga logo pediu para publicá-las em seu site de notícias, TeLoCuentoNews, onde elas aparecem toda sexta-feira há quase dois anos em uma seção intitulada “É assim que Gabo vê”, uma referência ao apelido do menino.

O colapso econômico da Venezuela obrigou quase 2 milhões de pessoas a fugirem a partir de 2015, segundo as agências de imigração e de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente Nicolás Maduro questiona tal cifra, dizendo que foi exagerada por adversários políticos e que aqueles que partiram estão tentando voltar.

A mãe do menino disse que inicialmente a família tentou blindá-lo da realidade da decadência do país, mas que desistiu à medida que os problemas se tornaram cada vez mais evidentes.

“Nada é como era, e eles percebem isso”, explicou Cecilia. “Você leva os filhos à escola e há três ou quatro crianças pegando comida do lixo na esquina.”

Reportagem adicional de Shaylim Valderrama e Vivian Sequera

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