Sustentabilidade na saúde
Ações no Hospital de Base de Bauru reduzem impacto ambiental
A conscientização quanto à importância em se adotar práticas sustentáveis está cada vez mais presente na sociedade, tanto em ações de cidadãos como em iniciativas de empresas. E aquilo que começa na casa de cada um, seja na separação do lixo, reaproveitando restos de frutas, borra de café e cascas de ovo para tornar mais rico o solo da horta do quintal, reutilização e destinação correta do lixo não orgânico, já é realidade nas unidades de saúde sob gestão da FAMESP nos últimos anos. Projetos dessa ordem incentivam os funcionários a criarem formas de minimizar o impacto ambiental reduzindo a utilização de água da rede municipal, reaproveitando resíduos e promovendo uma ”cultura sustentável” junto ao público interno e à comunidade.
No Hospital de Base de Bauru (HBB) são diversas as iniciativas capazes de reduzir a exploração de recursos naturais finitos. De acordo com Aristides Sebastião Junior, encarregado de segurança do trabalho do HBB, a sustentabilidade pode ser aplicada em todos os segmentos. “Em um hospital público não é diferente, onde com um olhar holístico podemos facilmente visualizar a aplicabilidade da sustentabilidade, desde que exista uma elaboração prévia com foco na necessidade que será atendida”, pontua. Ações e soluções futuras envolvendo logística reversa de materiais como pilhas e baterias e até a reutilização de caixas de leite para produção de cobertores para pessoas em condição de vulnerabilidade social estão previstas, de acordo com Junior.
A sustentabilidade abrange ações que solucionam demandas atuais sem prejudicar os recursos naturais dos quais dispomos hoje, de modo que as futuras gerações também possam aproveitá-los. Para isso, as iniciativas contemplam aspectos sociais, econômicos e ambientais. De acordo com Junior, a preocupação do Hospital de Base como um todo frente a essas questões se torna uma oportunidade para realização de boas parcerias. “Importante ressaltar que além de reduzir o impacto ambiental com reaproveitamento dos diversos tipos de lixo, o hospital deixa de gastar com o tratamento dos resíduos em alguns casos”, observa. Por lá, reaproveitar é uma forma de pensar, algo que faz parte da rotina. “As borras do café produzido no Serviço de Nutrição do hospital, por exemplo, ao invés de jogarmos no lixo, nós fracionamos e direcionamos para a jardinagem utilizar na nossa horta, onde são misturadas ao adubo e à terra orgânica, garantindo um solo mais adequado para o plantio. Com isso já deixamos de jogar 312 quilos do resíduo em lixo orgânico”, comenta.
Já a diretora administrativa do Hospital de Base de Bauru, Roberta Fiuza Ramos, explica que dá total apoio a essas iniciativas. “Atualmente as empresas têm recebido cobranças em relação às questões de sustentabilidade e no Hospital de Base procuramos desenvolver uma postura proativa e comprometida frente aos compromissos sociais e com o meio ambiente”, explica. Segundo a diretora, muitas ideias e soluções criativas estão chegando por conta desse estímulo da Famesp, tanto no Hospital de Base quanto em outras unidades sob gestão da Fundação, que além de preservar os recursos naturais da cidade, possibilitam redução de custos em alguns casos. Após a implantação, os projetos são apresentados em um evento anual de qualidade interno – outra ação de incentivo para a sustentabilidade – e ficam em exibição nos corredores da unidade.
Usinas fotovoltaicas em hospitais
O presidente da Famesp, Antonio Rugolo Junior, destaca que a sustentabilidade já é uma realidade em todas as instituições sob gestão da Fundação, e que além de existir essa “cultura sustentável”, com fomento de iniciativas internas, as parcerias externas alinhadas a esse propósito são sempre bem-vindas. Rugolo aponta o convênio firmado em agosto de 2021 com a CPFL Energia, por meio do “Programa de Eficiência Energética” para hospitais públicos, como um marco na adesão de ações sustentáveis. “Fomos contemplados com investimentos da CPFL em torno de cinco milhões de reais e uma economia bastante representativa em nossas contas de energia, e agora pretendemos devolver isso para a população em forma de assistência à saúde”, afirma. Por ser uma fundação sem fins lucrativos, todo o superávit financeiro da Famesp é aplicado na assistência à saúde ou em tecnologias dentro dos hospitais, explica o presidente. “Para nós é um orgulho ser contemplado com este projeto que nem todos os hospitais conseguiram, é um reconhecimento do trabalho que a Famesp tem feito em Bauru e região”. Em Bauru, além do HBB, o Hospital Estadual de Bauru (HEB) e a Maternidade Santa Isabel (MSI), unidades sob gestão da Famesp, foram beneficiadas, ao todo, com substituição de 4.187 lâmpadas convencionais por LED e instalação de usinas fotovoltaicas com capacidade para gerar aproximadamente 1,6 GWh/ano, o suficiente para abastecer 675 residências. As obras evitarão ainda a emissão de 98,76 toneladas de CO2 na atmosfera.
Refeições com tempero vindo direto da horta
Primeiro projeto sustentável da unidade, a horta horizontal em paletes foi idealizada e planejada em março de 2019 com o intuito de fornecer os mais variados temperos para que o Serviço de Nutrição e Dietética (SND) do HBB preparasse refeições mais saborosas aos pacientes internados e seus acompanhantes. A equipe de manutenção montou a estrutura que foi inaugurada no início de 2020 e, desde então, a jardinagem faz a irrigação e adubação diária. Em todo o ano de 2021, com a horta já consolidada, foi possível colher 8,28Kg de temperos como hortelã, manjericão, salsinha, cebolinha, orégano e alecrim, entre outros. O projeto recebe visitas técnicas de empresas e escolas que estão adotando a mesma iniciativa em outros locais e, portanto, passou a servir de parâmetro no fortalecimento do cultivo de hortas sustentáveis.
Água reaproveitada e redução de custos na conta
A crescente escassez de água potável no planeta é uma das grandes preocupações listadas nas agendas de consciência ambiental. O Hospital de Base reduziu a utilização da rede de abastecimento do município graças a um sistema que permite reaproveitar a água descartada pelo sistema de tratamento da Hemodiálise em outras demandas que não fossem o consumo humano. Por meio de adequações civis de baixo custo, a água que antes era desprezada na rede de esgoto passa por tratamento com cloro e é direcionada para utilização em sanitários do ambulatório que têm grande utilização. Desde o início de funcionamento do sistema, em 2020, foram reaproveitados 185 m³ de água, reduzindo a utilização da rede municipal e uma parte do custo na conta de água, de acordo com o coordenador de manutenção hospitalar do HBB, Dioclécio de Jesus Tavares Félix. “Estamos adquirindo materiais para ampliar o sistema e reaproveitar ainda mais água da hemodiálise, agora pra irrigação de jardins e limpeza de calçadas”, revela. Segundo ele, o setor descarta 216 m³ de água por mês que podem ser reaproveitados nesses serviços.
Lacres de alumínio convertidos em cadeiras de rodas
Menos lixo, educação ambiental e solidariedade são os pilares do projeto Lacre Solidário em funcionamento desde fevereiro de 2021 no HBB, por meio de uma parceria com a APAE – Associação de Pai e Amigos dos Excepcionais. Juntando muitos lacres de latinhas de alumínio, o Base leva a arrecadação para uma oficina que faz a compra. O valor é transferido para a conta da APAE que destina o recurso para aquisição de equipamentos de locomoção para pessoas atendidas pela entidade. Com essa possibilidade, o hospital mobilizou seus funcionários por meio de inúmeras campanhas, gincana e parcerias e confeccionou depósitos que ficam disponíveis em pontos estratégicos para receber as doações dos lacres. Aos poucos a adesão foi aumentando e, ao final de 2021, o HBB conseguiu acumular 357Kg em lacres, adquiridos por R$2.142,00, valor que rendeu à APAE Bauru duas cadeiras de rodas e uma cadeira de banho.
Bandejas por alimentação para crianças
Outro projeto desenvolvido no Hospital de Base está conseguindo importantes resultados na área socioambiental. Desde março de 2021, cada bandeja de ovo – aquela feita em papelão – que iria para o lixo comum é trocada por um ovo com um produtor do alimento. Aí entra a parte social: os ovos trocados são destinados para a alimentação de crianças da Creche Sementinhas de Bauru. Integram a parceria, além do HBB, a Mercearia Arão & Arão, Distribuidora de Ovos J. Samboa e Artesanatos Buriti. Desde a efetivação do projeto, a unidade de saúde deixou de encaminhar ao resíduo comum 1.094 bandejas e destinou mais de 900 ovos para as 91 crianças de um a cinco anos, frequentadoras da creche.
Reciclagem de plástico beneficia causa animal
Sempre estudando possibilidades de ajudar aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade, a equipe do Hospital de Base também desenvolveu um projeto que beneficia a causa animal, além de reduzir o impacto ambiental. Em parceria com a ONG Ecopatinhas, o projeto “Tampet’s Solidário” mobiliza colaboradores desde junho de 2021, com campanhas de arrecadação de tampinhas plásticas de garrafas pet e de outros recipientes limpos. As doações são depositadas em barricas disponibilizadas pela própria ONG em dois pontos do hospital. A Ecopatinhas recolhe mensalmente as tampas para comercialização e reverte toda a renda para castração, tratamentos e suporte aos protetores independentes de cães e gatos abandonados de Bauru. O plástico é um dos materiais que mais poluem o ambiente, principalmente porque sua decomposição leva cerca de 400 anos. Mas a boa notícia é que, na maioria dos casos, este resíduo pode ser reciclado. A empresa que compra as tampas plásticas da Ecopatinhas transforma o material em novos objetos, como baldes e regadores. Em menos de um ano o projeto do HBB arrecadou mais de uma tonelada de tampas plásticas.
Humanização, economia e reaproveitamento de resíduos
Ainda no Hospital de Base, outra forma viável de atenuar pontualmente o impacto ambiental envolve logística reversa, com o reaproveitamento de frascos de vidro de contraste utilizados em exames de imagem que foram transformados em difusores de ambiente. Após lavagem simples de 1.385 frascos da classe cortante (grupo E), os materiais foram aproveitados na confecção do brinde ao invés de irem para o lixo, o que deixou de gerar 600kg de resíduos e reduziu em R$1.146,00 as despesas com coleta e destinação correta. A mão de obra para confecção dos difusores é voluntária e o palito e produto químico foram aquisições de baixo custo. A iniciativa abrange o projeto “Aprecie Pequenas Coisas” que identifica oportunidades de reaproveitamento de resíduos produzidos pelo próprio hospital com o intuito de confeccionar lembrancinhas ou souvenirs em datas comemorativas, com foco na humanização da rotina de trabalho dos colaboradores e do atendimento prestado aos pacientes do SUS.
Ronaldo Diegoli | Assessoria de Comunicação e Imprensa – Famesp