Por: Edu Avallone
Vivemos em um sistema político que está falido e o brasileiro está cansado de
mais do mesmo. Cenários externos mostram a importância da construção de
alternativas com capacidade de diálogo e construção do novo.
A falência do sistema político no país torna urgente a renovação da política. Uma simples leitura dos jornais e revistas ou mesmo assistir ao telejornal diário evidencia que o Estado brasileiro foi apropriado por interesses privados de indivíduos e corporações e se distanciou de sua obrigação constitucional de proteger e melhorar a vida de todos os cidadãos, independentemente de classe social, raça, gênero, idade ou credo. A população está cansada diante de um acúmulo de crises: moral, política, econômica e de segurança.
E não é por pouco. Nós temos razões para estarmos preocupados: a desigualdade cresceu, o desemprego está em quase 14% e cerca de um terço dos cidadãos dizem que deixariam o país se pudessem. A maioria de nós deixou de acreditar na mudança, enquanto muitos outros se tornaram apáticos. A política tradicional, os partidos e os atuais políticos estão em forte queda no imaginário dos eleitores.
Uma pesquisa do movimento Agora! à IDEIA Big Data (empresa especializada em pesquisas), realizada com 10 mil pessoas em todo o país, confirma o sentimento: 79% dos brasileiros concordam com a afirmação “gostaria muito de ver os cidadãos comuns (de fora da política), como professores, empresários, empreendedores, funcionários públicos concursados, trabalhadores da indústria, profissionais liberais, entre outros, candidatos em 2018 ”.
Na mesma pesquisa, 72% das pessoas responderam que não se importam se uma política pública é de direita ou de esquerda, desde que torne sua vida melhor. Outras 77% destacam que votam na pessoa e não se importam com o partido político. O que fica evidente é o desgaste da polarização e a desconexão entre os políticos e partidos atuais e os problemas reais das pessoas.
Eleições recentes fora do país, nas quais os leitores optaram pela renovação da política, trazem importantes lições para o cenário brasileiro. A primeira é que a comunicação constitui uma via de mão dupla. Políticos frequentemente falam em vez de ouvir. Perguntar às pessoas suas opiniões e do que precisam é fundamental. A segunda é que a mobilização acontece tanto on-line quanto off-line. Estrategistas contam sobre o processo de consultas on-line e de mobilização de milhares de voluntários que foram de porta em porta para entender os problemas dos cidadãos. A terceira é construir bases comuns e alternativas à polarização. É preciso políticas e pessoas abertas ao diálogo de todo o espectro político. A renovação política, econômica e social no Brasil requer um esforço
coletivo de dentro e de fora dos poderes do Estado. O Brasil não será salvo por um herói: ou mesmo a nossa cidade ou região. Em vez disso, mentes preparadas e bem-intencionadas dos mais diversos setores da sociedade e de todas as classes socioeconômicas serão necessárias para construir uma nova cultura política. Os valores dessa cultura devem ser orientados pelo bem público, pelo comportamento ético e pelo comprometimento com a inclusão.
Nós precisamos de uma nova geração de líderes com coragem, responsabilidade, determinação para mudar o rumo político do país e que unam as pessoas em lugar de dividi-las. Precisamos de renovação política com ética, propósito de mudança e propostas de qualidade – hora é de diálogo, trabalho conjunto e construção.