Com 27 anos de experiência no comércio exterior, o empresário Eduardo Lafer, proprietário da Sama Brasil, especializada em importação e exportação, esteve recentemente em Bauru. Parceiro de negócios do consultor internacional Francisco Freitas, da Socibusiness, ambos realizaram uma palestra na sede da Acib (Associação Comercial e Industrial de Bauru) para reforçar que comércio exterior não é um bicho de sete cabeças. “Existe um mito sobre importação e exportação, que não devem ser vistos como uma válvula de escape em momentos de crise”, disse em entrevista exclusiva ao site da Revista Atenção.
Fluente em seis línguas – português, espanhol, francês, italiano, hebraico e inglês – Lafer morou anos no exterior, onde ganhou extensa experiência na área. Formado em engenharia de produção pela Escola Politécnica da USP e com MBA em administração de empresas pela Stanford University, na Califórnia, nos Estados Unidos, o empresário trabalhou em consultoria estratégica assim que terminou o mestrado no início dos anos oitenta. “Nessa época, trabalhei em Nova York e fui convidado para trabalhar na Europa. Comecei a pensar em comércio internacional. Ao retornar o Brasil, montei minha empresa de consultoria”, relembra.
O negócio deslanchou no início dos anos noventa, no governo Collor, quando o mercado internacional se mostrou interessante. “Montei uma importadora,que funcionou até 1999, quando o dólar passou de R$ 1,25 para R$ 1,80. Foi o fim da minha empresa, que tinha quase trinta funcionários. Levei dois anos para recomeçar”, contou. A partir daí, criou um novo modelo de negócios: terceirização de parceiros. “Mas a inteligência de gestão e a coordenação é minha”, garante. “Temos clientes de longo prazo. Viramos um braço operante no cliente que quer importar e exportar”, complementa.
Comércio exterior: potencial no interior
“O empresário brasileiro não tem cultura de exportar porque o mercado interno é grande”, afirma. O Brasil ocupa a 25ª colocação no ranking mundial de exportação – o primeiro lugar é da China (19%) e o segundo da União Europeia (18%)-; e o 28º lugar no ranking de importação – União Europeia lidera com 22%, junto com Estados Unidos (17%).
“Temos um grande potencial de crescimento. Deve ser um pensamento estratégico das empresas, que pode começar direcionando pelo menos 15% a 20% da produção para o mercado externo”, avalia. Na palestra em Bauru, ele explicou passo a passo como fazer essa operação, que exige uma série de regras, tornando-a complexa. Por isso, é importante contar com a expertise de quem entende do assunto.
“Mercado externo é uma riqueza incalculável, que movimenta trilhões de dólares. Mas não deveria ser tratado de maneira oportunista, um estepe nos momentos de crise”, pondera Lafer. “É um recurso estratégico à disposição dos empresários. Não é algo impossível. Mas os interessados devem estar comprometidos com o projeto para que tudo caminhe bem e se transforme em uma fonte importante de renda dos negócios”, continua.
Lafer não conhecia a região de Bauru e ficou impressionado com o potencial encontrado por aqui. Ele pretende voltar mais vezes para fazer palestras direcionadas aos interessados em participar do mundo das importações e exportações. “Estamos aqui para simplificar o planejamento e a execução das operações, orientando os empresários”, finaliza.