Marginais Chegam à ‘Avenida’ Marechal Rondon

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Pistas auxiliares separarão tráfego rodoviário do fluxo urbano no trecho de 11 quilômetros que corta Bauru; viaduto da Cruzeiro do Sul ainda é sonho

Luiz Beltramin,
especial para a Revista Atenção

Iniciado o período oficial das obras no último dia 27 de junho, a construção das pistas

Marginais são construídas para desafogar o trânsito na área urbana em Bauru
Marginais são construídas para desafogar o
trânsito na área urbana em Bauru

marginais da rodovia Marechal Rondon (SP-300) em Bauru atende uma demanda antiga do trânsito na cidade. A confluência entre o tráfego rodoviário com o urbano gera transtornos, lentidão e o pior, acidentes.
Desde a duplicação da rodovia, no início da década de 1990, Bauru convive com esta “disputa” entre trânsito local e intermunicipal, desde o trevo do Núcleo Gasparini / rodovia Bauru-Marília até a saída para a SP-225 (Bauru-Ipaussu/Bauru-Jaú), no popular “Trevo da Eny”, marco zero da obra na estrada que, na realidade, é uma legítima avenida dentro da cidade.
Nesta intersecção, a rodovia cruza a cidade e diversos bairros, fazendo parte do cotidiano de muitos moradores. O caminho é de trabalho, lazer, mas também de algumas lembranças tristes, principalmente de quem perdeu amigos ou familiares nos diversos acidentes que o trecho urbano da Rondon protagonizou.
Rota de conflito entre veículos lentos e pesados, motocicletas e carros de passeio que simplesmente cortam caminho entre uma região da cidade e outra, a rodovia, finalmente, ganha suas pistas marginais para colocarem ponto final nesta perigosa mistura entre baixa e alta quilometragem.
Com 22 quilômetros de extensão (somados os dois sentidos), as marginais têm em sua construção uma gama de resultados além de desafogar o trânsito.
Entre os benefícios, está a geração de aproximados 300 empregos diretos e outros 900 indiretos. “Mais de um milhão de pessoas serão beneficiadas, com incentivo ao comércio, indústria e prestação de serviços, disse Alberto José Macedo Filho, secretário de transportes do Estado, durante solenidade de autorização das obras, que contou com a presença do governador Geraldo Alckmin.

IMPACTOS

Conflito entre trânsito urbano e rodoviário causa congestionamento
Conflito entre trânsito urbano e rodoviário causa congestionamento

Como toda obra grandiosa, a construção das marginais trará impactos na rotina de moradores e de motoristas que diariamente trafegam pela SP-300 urbana em Bauru.
A previsão para o término das obras, cujo investimento é de 170 milhões, é para abril de 2018. Até lá, observa o engenheiro Gianpaulo Domenico Canno Novelli, superintendente de engenharia da Via Rondon, a paciência será parceira de quem cruzar o trecho.
Superintendente de engenharia da Via Rondon, concessionária que administra a rodovia entre Bauru e Castilho, na divisa com o Estado do Mato Grosso do Sul, ele admite certos transtornos temporários, mas que, garante ele, se minimizam no decorrer da chegada dos benefícios.
“Assim como em nossas casas, a obra altera nossa rotina. Teremos interferências ao longo da evolução. Porém, faremos comunicação prévia à população, bem como a sinalização nos locais. A partir do andamento da obra, deverão surgir novas rotas e acessos que também poderão ser consultados através de nosso site www.viarondon.com.br e pelo 0800 72 99 300”, informa, comparando a obra à marginal de Campinas, no trecho urbano da Via Anhanguera (SP-330).

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CRUZEIRO NÃO CRUZA

As marginais da Rondon fazem parte de demanda antiga que, finalmente, é atendida. Contudo, outra necessidade que se faz desde a duplicação da SP-300 permanece no papel.

As obras já começaram e a previsão é que termine em 2018
As obras já começaram e a previsão é que termine em 2018

Não será desta vez que o sonhado viaduto da avenida Cruzeiro do Sul se tornará realidade.
Engenheiro de trânsito e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Archimedes Raia Júnior lamenta a ausência do dispositivo no projeto das marginais da Rondon. “É lamentável. Foi um erro quando o viaduto não integrou o projeto da duplicação e é novamente agora, fora das marginais”, critica.
O dispositivo, segundo o engenheiro de trânsito, otimizaria não apenas o acesso entre a região da Vila Cardia à SP-300. Seria solução, acredita, para o fluxo rumo a outras áreas da cidade. “A falta da Cruzeiro sobrecarrega de forma significativa a Rodrigues Alves e a Duque de Caxias”, detalha. “Valeria um esforço das autoridades”, defende. “Não é possível prescindir deste viaduto, cuja falta é um crime contra o sistema viário urbano de Bauru”, considera.

CURIOSIDADES NA PISTA

O traçado hoje conhecido como Marechal Rondon foi aberto em 1922, sob nome de Estrada de Rodagem São Paulo – Mato Grosso, ou Estrada Nova de Itu.
Em toda sua extensão, é comum passar dentro de cidades, caso de Bauru. O mesmo ocorre, por exemplo, em Lençóis Paulista, Porto Feliz e Itu, entre outras áreas urbanas.
Desde o início, em Itu, a rodovia acompanha (em alguns trechos margeando) o rio Tietê. O trecho antigo iniciava em Barueri, na grande São Paulo.
No século passado, prefeitos pediram para que a Rondon cruzasse o interior das cidades, pois era “interessante” que os viajantes observassem os atrativos de cada município.
A rodovia foi inaugurada pelo presidente Washington Luiz, cujo lema era, justamente, “Governar é construir estradas”.
Até mesmo semáforo a rodovia já teve. Em Bauru, o sinaleiro existia no cruzamento em nível com a avenida Rodrigues Alves, que hoje cruza a SP-300 sobre viaduto.

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