Anunciado como projeto pioneiro em Bauru e idealizado pela gravadora independente Produto do Gueto Records, o “Funk Resgata” será oficialmente lançado na quinta-feira (30), nas redes sociais, mas já está em curso na prática.
Como o próprio nome sugere, o intuito é “resgatar o que os produtores consideram como ‘funk de mensagem'”.
“Todo MC curte passar o que tá no mercado, mas também curte passar o que está no coração”, explica, via assessoria, Thiago NGO, responsável pela PDG e criador do projeto.
“Sabemos que hoje em dia o que dá mais dinheiro é aquela coisa comercial, de ostentação, mas apostamos na ideia de passar uma mensagem, algo que uma pessoa que passa por problemas esteja precisando ouvir”, ompleta.
Bauru tem uma diversidade de talentos que, muitas vezes, não seguem profissionalmente no ramo artístico. Na visão de Thiago esse fator é o primeiro obstáculo para o gênero.
“Vendo isso a gente decidiu primeiro resgatar esse pessoal, trazer eles mais pra perto desse mundo artístico, principalmente aqueles que estão nas periferias se virando como podem”, afirma.
“São artistas que às vezes não têm dinheiro para vir gravar, mas têm talento. Então a gente chega com a produção e o resto é consequência”, comenta o idealizador.
OPERAÇÃO
A programação envolve inicialmente 15 MCs de diferentes regiões de Bauru. A gravadora entra com a produção da música (beat) e se encarregar de fazer a captação de voz, mixagem e masterização da faixa, entregando um material pronto para o artista.
“É muito gratificante”, confessa Romerson Rodrigues da Silva, o DJ 13K, um dos produtores do projeto. “Às vezes eu nem conheço a pessoa que vem gravar, mas sei que é um cara bom por já ter ouvido. E conhecendo melhor os participantes, trabalhando junto, a gente acaba até desenvolvendo uma amizade”, revela.
ADESÕES
MC Thomaz (Jd. Petrópolis), Nery e Le Black (Pq. Jaraguá), Flávio (Bela Vista), MC Weed (Quinta da Bela Olinda), Coruja (Vila Dutra), Jefinho (Jd. Prudência) e Granfino (Otávio Rasi) são os primeiros a passar pelo projeto. O que não impede que outros também venham fazer parte. “Com o tempo poderão vir mais pessoas. É uma porta que está aberta”, afirma 13K.
Outro fato que os produtores do projeto destacam é a dificuldade de viver da arte em cidades do interior, se comparadas com grandes centros, como São Paulo. Isso fazia com que a cena do Funk em Bauru ficasse desvalorizada, levando os artistas daqui a procurarem profissionais e produtores da capital.
“Vale a pena se dedicar a esse projeto, a molecada é daora e aqui estamos ajudando o pessoal da quebrada que não tem essa oportunidade”, conta Wilon Bliner, o DJ Loon MPC, outro produtor do “Funk Resgata”.
“Para produzir já vai um custo. Então com um projeto desses fica tudo mais fácil”, comenta. E se depender do trabalho do projeto, a cultura do funk bauruense renderá muitos frutos: “Espero explosão, uma bomba”, diz o DJ Loon. “A cena vai ficar louca e está vindo só pessoal bom, com letras boas”.
ENTRE ASPAS
“Fazer poesia, vivendo o dia a dia. Quebrada querida, sou do Parque Jaraguá, quebrada sofrida, ali nasci, cresci com muita sabedoria”. É desse jeito que o MC Le Black (foto) introduz seu bairro numa das primeiras músicas gravadas pelo projeto “Funk Resgata”, iniciativa pioneira na cena bauruense.
SERVIÇO
O projeto pode ser conferido na página da gravadora no Facebook (fb.com/pdgrecords) ou no Youtube (https://goo.gl/5ZrrE5).