Real teve a 25ª maior valorização em relação ao dólar no comparativo entre as moedas de mais de 120 países
O Ibovespa teve o sétimo melhor desempenho entre os principais índices das bolsas de 79 países, enquanto o real registrou a 25ª maior valorização ante o dólar dentre mais de 120 países, segundo um levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating.
Conforme o levantamento, o principal índice da bolsa brasileira teve alta de 5,76% em agosto na variação em dólar. Já o real valorizou 0,18%, em um mês favorável para a moeda norte-americana, com a maioria dos países registrando desvalorização cambial.
O índice com o melhor desempenho no mês foi o BIST 100, da Turquia, com alta de 20,48%, seguido pelas bolsas do Sri Lanka, Paquistão, Rússia e Cazaquistão.
Já as maiores quedas foram das bolsas do Zimbábue, que recuou 37,98%, da Polônia, da Suécia, da República Tcheca e da Eslováquia, confirmando um mês de desempenho ruim para as bolsas europeias, em meio a temores quanto ao fornecimento de gás natural para o continente e um pessimismo em relação ao processo de combate à inflação na região, via alta de juros, com risco de recessão.
O Stoxx 600, que acompanha o desempenho das principais ações da Europa, ficou em 72º lugar. As bolsas dos Estados Unidos também tiveram um mês negativo, com perdas superiores a 4%.
Entre as moedas, a maior valorização ante o dólar foi a rupia do Paquistão, que ganhou 9,82%, após fortes perdas no mês anterior devido à instabilidade política no país. Também com recuperação, o rublo da Rússia subiu 7,14%, seguido pelas moedas da Costa Rica, Argélia e Quirguistão.
O bolívar da Venezuela foi a moeda com maior perda de valor em agosto, de 26,37%. As moedas de Gana, Mianmar e Geórgia também estão entre as maiores desvalorização, assim como o peso da Argentina, que caiu 5,41% em meio a uma piora do quadro econômico do país e uma intensificação da inflação.
No ano, o Ibovespa acumula alta de 12,09%, na 9ª posição, enquanto o real tem a 8ª maior valorização, com 7,75%.
Para o analista da Austin Rating Gabriel Ribeiro, “o Brasil segue apresentando indicadores econômicos favoráveis, mesmo com elevada taxa de juros, e há a percepção do investidor internacional que as empresas do mercado brasileiro se encontram descontadas, favorecendo a entrada de investimentos”.
Ele destaca também o desempenho da bolsa russa, que tem valorização mesmo com a guerra na Ucrânia, já que “empresas petrolíferas tem se beneficiado e junto da exportação dos recursos naturais, garantem a valorização do índice”.
“Já em relação às moedas, o destaque é dado novamente à Rússia, que tem se beneficiado da exportação de commodities como gás natural, trigo e petróleo. Países como Paquistão e Costa Rica se encontram em severos problemas econômicos, situação que pesa em desfavor de suas moedas, mas que, ao ocorrer valorização, registram percentuais altos”, explica.
Ao CNN Brasil Business, analistas atribuíram o desempenho positivo do mercado brasileiro em agosto a uma combinação de fatores que criaram um fluxo de entrada de capital estrangeiro no país, com boa parte dele destinado ao mercado de ações, ajudando na recuperação do Ibovespa.
Um dos principais fatores positivos no mês foi uma melhora das perspectivas dos investidores para a demanda de commodities, que mesmo com quedas recentes seguem em patamares elevados de preços, segundo Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Research.
Para Raphael Figueredo, sócio e analista técnico CNPI da Eleven Financial, o momento internacional favorece commodities, em especial o petróleo, que está ligado à empresa que ele acredita ser a grande protagonista por trás do desempenho do Ibovespa, a Petrobras.
Ele afirma que a estatal foi responsável por cerca de 30% da valorização do índice desde junho.
Já Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos, destaca que os resultados financeiros das empresas no segundo trimestre corroboraram a avaliação que as suas ações estão muito baratas, atraindo investimentos.
Outro fator que, de acordo com Serra, leva a esse descolamento é a “melhora de percepção para o PIB brasileiro, e a inflação com números melhores que o esperado. Há ainda a visão mais clara de até onde vão os juros, em 13,75%, caindo ano que vem”.
Com mais segurança e uma economia mais forte no curto prazo, ele afirma que o mercado tem tido “fundamentos, solidez, previsibilidade”, ao mesmo tempo em que o mundo está sendo “surpreendido, com dúvida forte quanto ao ciclo de juros”.