Gaeco está perto de concluir ação criminal contra Gasparini e ampliará investigação

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Gaeco prepara a primeira ação sobre os desvios na Cohab. Crédito: Aceituno Jr.

Operação ‘João de Barro’ completará um ano e 1ª ação a ser ajuizada envolve o entorno do ex-presidente da Cohab

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), deflagrou há quase um ano a ‘Operação João de Barro’, para investigar as irregularidades na Companhia de Habitação Popular de Bauru (Cohab). Em 17 de dezembro de 2019, o Gaeco e policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na Cohab, na casa do então presidente Edison Bastos Gasparini Jr., e em construtoras. Somente na casa de Gasparini Jr. foram encontrados na ocasião 1,6 milhão em notas de real, 30 mil em notas de dólar norte-americano, e valores menores em libras esterlinas e euro.

Praticamente um ano depois, o Gaeco já está perto de oferecer a primeira denúncia, o que deve ocorrer nos primeiros meses de 2021. A ação a ser ajuizada envolve Gasparini Jr. e seu entorno mais próximo. Mas as investigações vão continuar. Novas frentes de atuação serão abertas, para verificar possíveis atos de lavagem de dinheiro e ocultação de bens, os contratos com as construtoras e a eventual participação de outros agentes públicos de fora da companhia.

ENTORNO

De acordo com informações obtidas pelo JC, a ação preparada pelo Gaeco leva em consideração fatores como o aumento de patrimônio de Gasparini Jr. e sua família após o início do período dos saques – veja mais abaixo.

Vários bens estão em nome de familiares do ex-presidente da Cohab e foram bloqueados, com decisão da Justiça, entre eles ao menos dez matrículas rurais, casas, apartamentos, imóveis comerciais, gado, sacas de café e carros.

Ainda de acordo com as investigações do Gaeco, a forma de atuação de Gasparini Jr. pode levar ao indiciamento por formação de quadrilha, pelo número de pessoas envolvidas e o tipo de conduta.

Também há indícios de ocultação de bens, o que ainda será investigado em novas etapas da operação.

SAQUES

O alvo inicial do Gaeco eram quatro contratos da companhia com as construtoras, o que foi investigado durante um ano, antes da operação se tornar pública. A partir do dia em que houve a busca e apreensão, novos elementos foram apurados. O primeiro deles, no começo deste ano, foi a confirmação da realização de saques mensais de R$ 400 mil, entre 2007 e 2019, totalizando R$ 54,8 milhões.

O dinheiro era sacado por funcionários da Cohab, em agências bancárias, a mando de Gasparini Jr., e deveria ser usado no pagamento do seguro habitacional, o que nunca ocorreu, de acordo com a Caixa, em documentos enviados aos promotores.

A partir daí, o Gaeco partiu para uma investigação detalhada sobre o funcionamento do esquema relativo aos saques. Diversos funcionários da Cohab prestaram esclarecimentos e, em abril, os promotores pediram o bloqueio de bens de Gasparini Jr., de sua mulher, de sua filha e do ex-diretor financeiro Paulo Gobbi.

A Justiça determinou o bloqueio e, em seguida, a Cohab Bauru também obteve liminar para que estes bens depois fiquem para a companhia, que precisará de recursos para pagar as suas dívidas.

O JC entrou em contato com a defesa de Gasparini Jr. e sua família. O advogado Leonardo Avelar afirmou que seu cliente “vai demonstrar inocência no momento adequado” dentro da ação.

Investigação seguirá com novas frentes

De acordo com promotores do Gaeco, após a primeira ação ser concluída, com a denúncia sendo oferecida na Justiça, as apurações seguirão. Um dos objetivos é saber se os contratos com as construtoras possuem alguma relação com os atos ilícitos. Outra frente de investigação é sobre os indícios de lavagem de dinheiro e ocultação de bens por parte de Gasparini Jr., que teria colocado diversos bens em nome de familiares. Por fim, o Gaeco investigará se houve a participação de agentes públicos de fora da Cohab. No que diz respeito aos saques, especificamente, os promotores já reuniram elementos de que era um ato ordenado por Gasparini Jr. e mais restrito ao ambiente da companhia. Porém, ainda não está claro como se deu o uso do dinheiro – se teria beneficiado apenas Gasparini Jr. e seu entorno, ou se pessoas de fora da Cohab podem ter ficado com algo.

Leilão de bens

Após o recesso do Judiciário e do MP, que acontece entre o final de dezembro e o começo de janeiro, uma das primeiras medidas do Gaeco será pedir autorização da Justiça para a realização de leilão dos bens apreendidos.

Isso porque uma parte pode ter depreciação, como os carros. Também devem entrar na solicitação o leilão de gado e sacas de café. O dinheiro arrecadado continuaria retido, em depósito judicial. Em caso de condenação, o valor seria revertido para a Cohab pagar débitos e reduzir a dívida que possui com o governo federal.

Fonte: https://www.jcnet.com.br/noticias/politica/2020/12/743740-gaeco-esta-perto-de-concluir-acao-criminal–contra-gasparini-e-ampliara-investigacao.html

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