Comércio bauruense tenta emplacar cadastro positivo

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Cadastros de proteção ao crédito como o Serasa são conhecidos por reunir dados sobre consumidores inadimplentes. O que poucas pessoas sabem é que elas podem ser incluídas no chamado cadastro positivo de crédito, que nada mais é do que uma relação sobre os chamados “bons pagadores”. O comércio bauruense, inclusive, tenta emplacar a ferramenta para ter mais segurança nas vendas.

A lista inclui informações de crédito de pessoas e empresas. A partir do cruzamento de dados financeiros e de pagamentos relativos às operações em andamento ou quitadas nos últimos 12 meses, é possível determinar quem possui bom histórico de adimplência. Como benefícios, os consumidores pontuais podem obter melhores condições em compras parceladas ou em financiamentos.

“É uma ferramenta já bastante disseminada em outros países, porque permite que consumidor tenha mais informações e, assim, mais condições de negociar a obtenção do crédito”, frisa Carolina Aragão, gerente do Serasa Consumidor.

Apesar das vantagens, atualmente, apenas 47,3 mil bauruenses estão inscritos no cadastro. Como a inclusão depende da autorização prévia do consumidor, a expansão do sistema ainda enfrenta resistências, conforme observa o economista Reinaldo Cafeo. “Há um certo tabu no Brasil sobre uma eventual exposição de patrimônio, pelo temor de que estes dados sejam cruzados com os da Receita Federal, por exemplo. Mas é uma preocupação totalmente infundada”.

Para aderir ao cadastro positivo, é preciso procurar uma agência da Serasa ou acessar o site https://www.serasaconsumidor.com.br. É importante salientar que, a partir da inclusão, apenas as empresas associadas terão acesso aos dados.

TENDÊNCIA

Apesar da adesão ainda tímida em Bauru – de apenas 13% da população -, o consultor jurídico da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Elion Pontechele Junior, avalia que a tendência é de que o serviço ganhe cada vez mais espaço na cidade. “O cadastro não considera apenas se o consumidor está negativado, mas todo o histórico de pagamentos, que, eventualmente, pode ser bom. Isso amplia as possibilidades de concessão de crédito”, pontua.

De acordo com a Serasa, se todos os brasileiros fossem inscritos no cadastro positivo, ao menos 22 milhões de pessoas a mais teriam condições de realizar compras parceladas ou financiamentos em todo o País.

Segundo Pontechele Junior, os lojistas bauruenses estão, ampliando, cada vez mais, as consultas junto ao cadastro positivo, já que a lista de inadimplentes do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da CDL está defasada. O problema ocorre desde 2015, quando uma lei paulista passou a determinar o envio de correspondência com aviso de recebimento (AR) aos devedores antes de encaminhar os nomes à lista de devedores. Como o SPC deixou de custear o processo necessário para a negativação, hoje, cabe a cada lojista decidir arcar ou não com estes valores.

43% em baixo risco

Segundo a Serasa, 43,3% dos consumidores de Bauru possuem baixo risco de inadimplência. Outros 26,7% são considerados de alto risco e 29,9%, médio risco. Os dados são do Serasa Score, resultado dos hábitos de pagamento e relacionamento do cidadão com o mercado de crédito.

Segundo Carolina Aragão, gerente do Serasa Consumidor, a ferramenta foi criada neste ano e já é uma das mais utilizadas pelo comércio para avaliar os riscos de operações de crédito. “O Serasa Score usa dados do cadastro positivo, mas também outras informações a partir do CPF da pessoa, até chegar a um número que vai apontar as chances de ela não pagar a dívida nos próximos 12 meses”, explica.

A pontuação vai de zero a 1.000 pontos (veja no quadro acima). De acordo com Carolina, diferentemente do cadastro positivo, o cálculo do Score não depende da adesão do consumidor. Mas, a partir do momento em que ele autoriza a inclusão neste cadastro de “bons pagadores”, há condições para que os dados do Score sejam aprimorados, o que pode ser uma vantagem não apenas para quem vende, mas também para quem está comprando. “As pessoas, normalmente, não sabem o que as empresas vão avaliar para conceder crédito. Ter conhecimento sobre estas informações, portanto, empodera o consumidor. E o Score contribui para este tipo de esclarecimento, motivando estas pessoas, inclusive, a manter a vida financeira em ordem”, conclui.

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