Congresso Brasileiro de Pediatria alerta para excesso de uso de celular por crianças

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Projeto de lei chama atenção para prejuízos à saúde física e mental quando há consumo excessivo de telas até os 10 anos

Evento ocorre em Porto Alegre e deve reunir 7 mil especialistas no Centro de Eventos da Fiergs, de 9 a 12 de outubro, para debater os desafios da vida saudável na infância e na adolescência

Pediatras de todo o país serão convidados a participar de abaixo-assinado em apoio a um projeto de lei para alertar sobre os riscos do uso excessivo de celulares, televisão e tablets para o desenvolvimento da criança. A iniciativa é da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) e será apresentada aos cerca de 7 mil participantes do 39º Congresso Brasileiro de Pediatria (CBP), que ocorre até sábado (12) em Porto Alegre, tendo como mote o tema “pediatra do futuro”.

— Temos muita comprovação científica de que o uso excessivo de telas na infância influencia comportamentos que podem causar prejuízos à saúde física e mental dos jovens — destaca a presidente da SPRS, Cristina Targa, que integra a comissão organizadora do evento, promovido pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

No Rio Grande do Sul, a proposta dos pediatras será apresentada em forma de projeto de lei pelo deputado estadual Pedro Pereira (PSDB). A intenção é que todas as embalagens de dispositivos eletrônicos vendidos tenham uma etiqueta com a recomendação de moderação: para crianças de zero a dois anos, uso não aconselhado e, para a faixa etária de dois a 10 anos, recomendação de uso por até duas horas ao dia, sob supervisão.

Também será distribuído aos participantes um guia sobre a importância de brincar ao ar livre e ter contato com a natureza, para se ter uma infância saudável. Elaborado pela SBP, em parceria com o Instituto Alana, organização da sociedade civil para promoção dos direitos da criança, o manual Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes propõe algumas metas: procurar áreas remotas e selvagens anualmente, visitar um parque urbano mensalmente, explorar a natureza semanalmente para observar pássaros, plantas e pedras, brincar ao ar livre diariamente.

De acordo com a engenheira florestal Maria Isabel de Barros, pesquisadora do programa Criança e Natureza do Instituto Alana, a criação do manual decorre de estudos que vêm sendo feitos nos últimos cinco anos, com base em evidências de pesquisas internacionais que têm demonstrado como o afastamento dos espaços abertos impacta em problemas motores, obesidade, miopia e transtornos emocionais.

— As crianças passam cada vez mais tempo na escola ou dentro de casa, até por questões de segurança pública, que são uma preocupação real para que os pais possam dar liberdade aos filhos para brincar na rua, e isso tem consequências no desenvolvimento — pontua a pesquisadora.

A própria reconfiguração familiar, com as famílias tendo menos filhos, e a distribuição espacial das cidades, que prejudica o convívio com a família estendida, como primos, por exemplo, são fatores sociais que contribuem para que os pequenos passem boa parte do tempo livre sozinhos e expostos a eletrônicos, em vez de conviverem com outras crianças em espaços abertos. O manual oferece recomendações a pediatras, educadores, pais e para crianças e adolescentes.

A programação oficial do congresso começa nesta quarta-feira (9), mas o centro Centro de Eventos da Fiergs já esteve movimentado desde a manhã desta terça-feira (8), com a realização de cursos e oficinas no pré-congresso.

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