Depois de longos meses de negociação, o Grupo Caoa surge com o papel principal na compra da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP). O anúncio foi feito pelo Governo do Estado de São Paulo, que costurou o acordo entre as partes. No começo do ano, a Caoa confirmou a intenção de compra, mas a disputa pela operação da unidade fabril ainda tinha mais interessados.
Segundo comunicado, a operação de aquisição será feita em duas etapas. A primeira irá durar de 35 a 45 dias e consiste no processo de análise das informação sobre a empresa à venda. A segunda consiste com os resultados, o fechamento do negócio será oficializado em seguida.
Com o acordo, a Caoa manterá, em um primeiro momento, os cerca de 850 empregos ligados à unidade do ABC paulista e também a continuidade da produção de caminhões Ford também.
A história da Caoa está fortemente atrelada à Ford: o fundador, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, abriu a empresa na década de 1970, justamente revendendo carros da Ford. Até hoje, a Caoa é a maior revendedora Ford da América Latina.
Além da Ford, a Caoa é hoje representante da sul-coreana Hyundai, da japonesa Subaru e da chinesa Chery — da qual tornou-se dona da operação brasileira no fim de 2017.
Fechamento
A Ford anunciou o fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo em meados de fevereiro, com a interrupção da comercialização da linha de caminhões e do hatch New Fiesta. As atividades seriam cessadas no final do ano.
Desde que foi anunciado, o governo paulista e a prefeitura de São Bernardo do Campo tentaram se mexer para impedir que a unidade seja fechada.
À época, a Ford disse que a saída do mercado de caminhões é um importante marco para o retorno à lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul. E que a decisão é parte do plano de reestruturação global da marca, que acaba de estabelecer uma parceria com a Volkswagen para fabricação de picapes de médio porte e veículos comerciais.
Além de reduzir em mais de 20% seus custos com o quadro de funcionários e estrutura administrativa na região, a decisão se alia à reestruturação da Ford na América do Sul no sentido de focar seus esforços e investimentos na linha de SUVs e picapes. A montadora já havia anunciado que modelos como Focus e Fusion não terão novas gerações.
Com o fim das operações no ABC paulista, a Ford continua tendo, no Brasil, fábricas em Camaçari (BA), Tatuí (SP) e Taubaté (SP).