Tecendo Novos Ciclos | Psicologia

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Psicóloga pela UNESP- Bauru, Especialista em Psicodrama Clínico pelo IBAP, possui Treinamento em Psicoterapia Breve Psicanalítica pela UNICAMP, Psicóloga da Saúde Pública desde 2011 - CRP 70673-06. Contato: Centro de Avaliação, Reabilitação e Psicologia – Rua Manoel Bento Cruz, 18-85, Higienópolis, Bauru, fones: (14) 3010-3142 e 99798-4843.

Como aranhas, tecemos redes em nossa vida, laços invisíveis que nos aproximam de outros, mas que também podem formar um emaranhado de tramas que nos aprisionam. No tecimento da vida alguns fios são fornecidos, outros escolhidos. Mas nossa rede só será forte o suficiente para nos embalar se os fios tiverem uma trama bem estruturada, como bem sabemos é na tecidura que os fios mais delicados se transformam em redes de sustentação.
Para a maioria das pessoas a chegada do final de ano é um momento em potencial para renovações e reencontros, onde fatalmente os vínculos que fizemos e tecemos irão se destacar no saldo de nossa conta emocional.
Utilizo o termo vínculo para falar das relações mais importantes em nossa vida, que são as que nos sustentam. Vínculo é um termo originado do latim “vinculum” que significa união com características duradouras e que abrange a importante tarefa arcaica de nos proteger de predadores externos e de promover a satisfação de nossas necessidades afetivas.
Atentarmos para a qualidade dos vínculos, se sadios ou não, desde os mais recentes (vínculos no trabalho, escola, de casal) até aqueles que nos formaram como os vínculos familiares, é uma tarefa importante, pois são eles que determinam a qualidade de vida de cada um em particular.
Para destacar os aspectos contidos nos vínculos utilizo as ideias de Wilfred Bion, psicanalista britânico que trouxe um maior detalhamento e compreensão sobre eles. Segundo Bion os vínculos possuem elos de natureza emocional com função de unir as pessoas, possuem diversas combinações entre si (ocasionado pelas diferenças individuais e arranjos diversos) e um potencial transformador. Porém só torna-se estável a partir da utilização do pensar, das experiências vividas, memórias, quando na ausência do outro. Desta forma, criamos inicialmente no imaginário o elo emocional para assim ter condições básicas para um vínculo saudável e com significado.
Mas hoje, verificamos uma fragilidade nos vínculos, ocasionada pela necessidade de satisfação imediata, pela busca do prazer primordial e muitas vezes a qualquer custo. O sociólogo chamado Zygmunt Bauman em seu livro “Amor Líquido” descreve como se dá esse processo de fragilização dos laços humanos e faz um alerta para a liquidez dos vínculos e também do amor próprio. Com a depreciação das vinculações que demandam tempo para se solidificar, também deixamos de nos atentar para nossa própria constituição psicológica, nos tornando esvaziados também de valores, ideias e ideais. Muitos estão tão adoecidos por mensagens contraditórias na comunicação, mensagens ambivalentes, irônicas, desqualificadoras e desrespeitosas. Uma falha no padrão de comunicação afeta a qualidade dos vínculos e um vínculo doente necessita ser tratado com compreensão, assertividade, empatia, ternura.
Não deixando passar este precioso momento de reflexão, que possamos avaliar a qualidade de nossos vínculos, tecê-los com valores positivos e melhorar nosso padrão de comunicação e de nossas emoções, assim podemos garantir melhor saúde e prosperidade para um novo ciclo que se inicia.

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