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Bauruense leva prêmio internacional por trabalho de ecologia em rodovias

Há alguns meses, oito jovens conservacionistas de todo o mundo foram nomeados para a premiação do Future For Nature, que contou com 125 participantes de todo o mundo. Os finalistas eram do Brasil, Índia, Nepal, Holanda, Nigéria, Filipinas, Ruanda e Reino Unido. Agora, os três vencedores foram anunciados. Entre eles, está a bauruense Fernanda Abra, 32 anos, que trabalha com preservação ambiental em rodovias.

O disputado prêmio oferece reconhecimento internacional, apoio financeiro para realizar o trabalho e apresenta os jovens a uma rede internacional de conservacionistas e de oportunidades adicionais de financiamento. Além de 50 mil euros (mais de R$ 200 mil) para continuar seus projetos, cada vencedor leva o troféu do Future For Nature. Em maio, eles viajarão à Holanda para receber o prêmio.

FELICIDADE

Egressa do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Sagrado Coração (USC), Fernanda é, hoje, aluna de doutorado do programa de pós-graduação de Ecologia Aplicada interunidades da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e Centro de Energia Aplicada na Agricultura (Cena).

“Me sinto muito feliz em trabalhar pela conservação de espécies incríveis, como a anta, tamanduá-bandeira, lobo-guará, onça-pintada e outros canídeos e felídeos brasileiros, e ser orientada e apoiada por pesquisadores e conservacionistas tão respeitados. Estou muito emocionada e honrada em receber o Prêmio Future For Nature. Isso ajudará a aumentar meus esforços e fazer a diferença na proteção da incrível biodiversidade brasileira”, comemora.

ATUAÇÃO

Fernanda Abra se interessa pela área de ecologia de estradas desde 2009. Reduzir os impactos das rodovias e do tráfego nas espécies de mamíferos no Brasil é seu principal objetivo. É cofundadora da ViaFauna, uma empresa de consultoria ambiental especializada no manejo da fauna silvestre em rodovias, ferrovias e aeroportos.

A bióloga gerencia a empresa com sua amiga e cofundadora, Paula Prist. Fernanda está na fase final de terminar seu doutorado e sua pesquisa enfoca as colisões de animais em rodovias no Estado de São Paulo e suas implicações para a conservação biológica, a segurança humana e a economia.

Mas a dedicação ao tema não é de agora. Desde o primeiro ano de graduação na USC, ela iniciou estágios em diferentes organizações, além de realizar projetos de iniciação científica. Durante o estágio no Ibama de Bauru, trabalhou no licenciamento da duplicação da rodovia SP-225. “Nesta oportunidade, tive meu primeiro contato com ecologia de estradas e lembro de ter ficado espantada com o número de animais mortos por atropelamentos nos registros da concessionária”, comenta.

Após isso, o Ibama tomou a iniciativa de recomendar passagens de fauna e cercas condutoras para animais nesta rodovia. A partir daí, Fernanda se interessou em saber se os animais realmente utilizavam as estruturas e iniciou o mestrado com o propósito de monitorar 10 passagens de fauna na rodovia SP-225, entre os municípios de Dois Córregos e Itirapina, no qual obteve dois financiamentos internacionais.

Atuou como coordenadora dos programas de fauna do Rodoanel Norte e prestou consultorias especializada em ecologia de estradas. Em 2014, fundou sua própria empresa a ViaFauna.

“Acredito que um dos pontos fortes para eu ter ganhado o prêmio foi a questão dos projetos de conservação que tenho atuado e os projetos que, por meio da ViaFauna, tenho implementado. Esse talvez tenha sido o fator de desempate entre outros jovens excelentes que estavam comigo na segunda fase”, ressalta a bióloga.

Além de seu trabalho acadêmico de pesquisa e consultoria, Fernanda também é voluntária como especialista em ecologia de estradas em alguns projetos de conservação, como a Iniciativa de Conservação da Anta Brasileira, o Projeto Bandeiras e Rodovias, bem como também é responsável pela coordenação dos grupos de trabalhos ligados ao impacto de transportes nos Planos de Ação Nacionais dos canídeos, felinos e ungulados ameaçados de extinção, incluindo espécies icônicas como o lobo-guará, raposa-do-campo, onça-pintada, onça-parda e antas.

Fernanda expressa sua felicidade, não só pelo reconhecimento da premiação, mas de pessoas comuns, que não estão ligadas à pesquisa, ativismo ambiental ou conservacionismo, e enviam mensagens de apoio e incentivo. “Isso me faz pensar que a notícia do prêmio é um refresco em meio a tantas notícias ambientais ruins que, atualmente, temos no País. Acho que os brasileiros merecem receber boas notícias em todas as áreas com maior frequência”, evidencia.

Fonte: https://m.jcnet.com.br/Geral/2019/03/bauruense-leva-premio-internacional-por-trabalho-de-ecologia-em-rodovias.html?utm_source=Whatsapp&utm_medium=referral&utm_campaign=Share-Whatsapp

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