A orientação de prevenção combinada para conter a contaminação pelo vírus transmissor da Aids recebe, em Bauru, a inclusão da chamada profilaxia pré-exposição de risco à infecção pelo HIV (PrEP). A Secretaria Municipal de Saúde já recebeu o novo medicamento e lança a ação no final deste mês. O uso contínuo diário reduz as chances de contaminação pelo vírus da Aids. Entretanto, é preciso ressaltar que o medicamento não é para socorro emergencial de quem se descuidou. Ao contrário, o recebimento do novo remédio exige uma série de protocolos e é para uso diário, para sempre, e com controle permanente pelo órgão de saúde.
O composto em forma de comprimido combina dois tipos de antirretrovirais (tenofovir e emtricitabitina) e é indicado para a população não infectada, mas com maior chance de contágio.
A coordenadora do Programa Municipal de Infecção Sexualmente Transmissíveis, IST-Aids, e Hepatites Virais, Josiane Fernandes Lozigia Carrapato, explica que a inclusão do programa é uma das várias etapas de prevenção estabelecidas em protocolo pelo Ministério da Saúde. “O programa faz parte da ação de prevenção combinada. Esta ação é para quem não está infectado com o vírus e o objetivo principal é impedir a infecção. E há uma série de requisitos para o grupo de risco e a inclusão e manutenção no programa”.
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a realização regular do PrEP, com uso diário e contínuo, garante em até 92% a proteção contra o vírus. Bauru e Pirajuí (conforme o JC noticiou no início deste mês) são as duas primeiras cidades do Interior Paulista a receber o remédio e o tratamento. “Mas, além do rigoroso critério de acesso, o PrEP só funciona se todos os passos forem seguidos e se o usuário não descuidar de nenhuma etapa e não deixar um dia sequer de usar a droga”, explica a coordenação.
Assim, a diretriz do programa é a prevenção combinada com várias outras ações. O uso permanente do remédio, por toda a vida, é para homossexuais, pessoas trans, profissionais do sexo ou parceiros soro discordantes para HIV (casal hétero ou homossexual onde um deles tem o vírus HIV).
CRITÉRIOS
A coordenação do programa informa a necessidade de cumprimento de todos os critérios para o acesso ao medicamento. A rigidez do protocolo é exatamente para garantir a prevenção, combinada com demais ações, e impedir o acesso de quem, eventualmente, enxergue uma oportunidade para se expor ao risco com “garantia” de não contaminação.
“A abordagem identifica os critérios do acolhimento à prescrição e acompanhamento. Estabelecida a população indicada para receber o medicamento, é obrigatório realizar a abordagem de risco, identificar as vulnerabilidades e analisar as condutas de prática sexual de cada um. As etapas de primeira consulta incluem exames de sangue, urina, testagem e identificação das condições renal e hepática de cada um. Os retornos são obrigatórios, em 30 dias após a primeira dosagem, refazer os exames obrigatórios para confirmar que o paciente não tem o vírus HIV, e repetir todos os procedimentos a cada 90 dias e para sempre, de forma permanente”, elenca Josiane.
O lançamento do programa está previsto para o final do mês, em razão da comemoração do Dia Internacional de combate ao vírus HIV, em 1 de dezembro próximo.
Prevenção combinada
A ação integra o serviço do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Secretaria Municipal de Saúde, realizado no Centro de Referência de Moléstia Infectocontagiosa em Bauru. O programa de prevenção combinada conta com vários níveis. A Profilaxia de Pós-exposição ao HIV (PEP) realiza a testagem rápida do HIV (exame realiza furo no dedo e o resultado digital sai em 15 minutos). O PEP existe para as pessoas que não se protegem; ou que tiveram relação sexual com parceiro que tem o vírus; ou sofreram violência sexual; ou foram vítimas de acidente com agulha ou outro objeto cortante-perfurante, exposto à possibilidade de contaminação. “Nesse caso, o protocolo indica o uso de remédio antirretroviral em até 72 horas da ocorrência. O novo protocolo (o PrEP) não é para esses casos. É para evitar a contaminação de forma permanente”, enfatiza Josiane Carrapato. A dispensa do uso de preservativo, tanto feminino quanto masculino, continua sendo a maior causa de procura pelo serviço. Na prevenção combinada, a ação leva em conta a redução do dano iminente. “O acolhimento, o teste e a orientação identifica pessoas que têm parceiro fixo, mas têm encontros esporádicos com outras pessoas”, diz. Além da orientação sobre a necessidade de mudança de comportamento, o programa também atua no gerenciamento da vulnerabilidade, como o cuidado com profissionais do sexo para que não pratiquem sem o uso de camisinha. A ação combinada inclui imunização, inclusive para outras doenças como HPV e hepatite B, além das comuns, como a gripe. |
Fonte: https://m.jcnet.com.br/Geral/2018/11/bauru-recebe-droga-antihiv.html?utm_source=Whatsapp&utm_medium=referral&utm_campaign=Share-Whatsapp