Chuvas descartam o racionamento

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Dia nublado/chuvoso em Bauru. 25/10/2018 Elisa Carvalho, 57 anos, autônoma, e Margarete Ramos, 38, auxiliar de cozinha

O considerável volume de chuvas registrado nos últimos três meses sepultou, de vez, a possibilidade de racionamento de água em Bauru. A informação foi confirmada ontem pelo presidente do DAE, Eric Fabris, que já havia destacado, em reportagem publicada pelo JC no mês passado, o acumulado atípico de chuvas em agosto – o maior dos últimos 32 anos.

Da mesma forma, setembro manteve bons índices e, em outubro, o resultado se repetiu. Antes de o mês terminar – e deve continuar chovendo nos próximos dias -, já são 168,7 milímetros de precipitações, o melhor resultado dos últimos sete anos.

Considerando os meses de agosto, setembro e outubro, o acumulado já é de 384,8 milímetros. Em 2014, ano de crise hídrica e racionamento em Bauru e em várias cidades do Estado, foram contabilizados apenas 184,7 milímetros no mesmo período.

“Havíamos tido uma sequência de quatro meses, entre abril e julho, com precipitações muito abaixo da média. Mas foi um período de estiagem que aconteceu mais próximo do período chuvoso (no início do ano), quando o lençol freático ainda estava abastecido. Em julho, o nível do Rio Batalha já estava começando a descer, mas o suprimento dos lençóis freáticos foi recuperado nos meses seguintes”, comenta Fabris.

ALÍVIO

A notícia é significado de alívio para os cerca de 140 mil moradores de Bauru que são abastecidos pelo Rio Batalha, já que, por questões orçamentárias, o DAE não conseguiu executar, a tempo, as obras prioritárias de seu Plano de Contingência contra a estiagem. Segundo o presidente da autarquia, a continuidade das intervenções programadas dependia da reestruturação tarifária do DAE, aprovada na semana passada pela Câmara Municipal.

Com a mudança, o percentual da tarifa de esgoto destinado ao Fundo de Tratamento de Esgoto (FTE) foi reduzido de 40% para apenas 5%, ampliando o montante reservado ao caixa geral do departamento. A estimativa é de que a medida, que passa a vigorar já no mês que vem, injete aproximadamente R$ 2,3 milhões mensais a mais nos cofres da autarquia, sem provocar acréscimo de valores na conta do consumidor.

“Em novembro e dezembro, esta verba servirá para o reequilíbrio do Orçamento, já que, para conseguir executar parte do Plano de Contingência, tivemos de usar recursos que estavam reservados para outras finalidades até o fim do ano”, adianta.

POÇOS E ADUTORAS

De todas as obras que constam no plano, divulgado pelo DAE em novembro do ano passado, foi concluída apenas a primeira etapa dos 10 quilômetros de adutoras projetadas para levar água de poços com folga na produção para regiões com menor oferta. Com 1,1 quilômetro, a primeira adutora conectou o poço do Jardim Imperial à adutora da avenida José Vicente Aiello, para abastecer a região do Parque das Nações, aliviando a sobrecarga na Estação de Tratamento de Água (ETA) do Rio Batalha.

“Deveremos receber tubulações no fim do mês e vamos começar a implantar um novo trecho de adutoras, para ligar o reservatório Santos Dumont ao assentamento Nova Canaã”, adianta. Além das adutoras, é prioridade a perfuração de três poços no Núcleo Geisel, Jardim América e Santa Cândida. Somadas, as intervenções têm custo estimado de R$ 10 milhões.

De acordo com Fabris, a licitação do poço do Jardim América já está concluída, com homologação a ser publicada em uma das próximas edições do Diário Oficial, e a do Núcleo Geisel está em andamento. “As obras devem começar ainda neste ano e, com as verbas agora garantidas, também vamos abrir a licitação do Santa Cândida e dar sequência à implantação das adutoras restantes”, completa.

Obras para o futuro

Com quase R$ 28 milhões extras por ano no caixa, o DAE informou que continuará executando as obras do seu Plano de Contingência para reduzir o risco de interrupções no desabastecimento a partir de 2019. Na lista, estão a construção de três reservatórios de água, sendo dois na Vila Dutra e um na Vila Alto Paraíso, e a continuidade da setorização no Jardim Bela Vista.

Também será discutida a contratação de projetos para a construção de uma nova Estação de Tratamento de Água (ETA) ou reforma da existente, bem como para a criação de um novo ponto de captação no Rio Batalha. “Como são obras que devem custar a partir de R$ 85 milhões, a intenção é que sejam executadas nos próximos anos, até a próxima administração”, completa.

Malavolta Jr.
Segundo Eric Fabris, presidente do DAE, reestruturação tarifária recém-aprovada permitirá a continuidade das obras do plano

Previsão

O tempo cinza e chuvoso desa quinta (25), que fez os bauruenses tirarem os guarda-chuvas do armário mais uma vez em outubro, permanecerá nos próximos dias, segundo o Centro de Meteorologia de Bauru (IPMet). Apesar de a frente fria já estar se afastando em direção ao Rio de Janeiro, a presença de áreas de baixa pressão no interior do continente mantêm a condição de instabilidade sobre a região.

Hoje, há previsão de chuvas com trovoadas isoladas ao longo de todo o dia, condição que permanece até a tarde ou noite de sábado. Já no domingo, não deve chover, mas o céu pode ficar parcialmente nublado. As temperaturas oscilam entre 21 e 25 graus hoje, 17 e 27 graus amanhã e 14 e 28 graus no domingo.

Fonte: https://www.jcnet.com.br/Geral/2018/10/chuvas-descartam-o-racionamento.html

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