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Cálculo na vesícula

Colecistopatia calculosa é também conhecida por alguns outros nomes como pedras na vesícula,cálculos na vesícula, colelitíase e colecistite crônica calculosa. Para entendermos um pouco melhor esta patologia, vamos discorrer inicialmente sobre alguns conceitos: A vesícula biliar é um pequeno órgão que fica localizado junto ao fígado. Tem mais ou menos oito centímetros no seu maior comprimento e é muito semelhante a uma bexiga de festa de crianças antes de encher. Serve basicamente para armazenar e concentrar a bile que é produzida no fígado. O fígado produz a bile continuamente e nos intervalos entre as refeições ela vai sendo armazenada na vesícula biliar. Quando nos alimentamos, a vesícula é estimulada e se contrai, eliminando a bile no duodeno, que é uma parte do intestino, para auxiliar a digestão.

O que são os cálculos biliares? Por que se formam?
A bile é composta basicamente de três substâncias, que são o colesterol, os sais biliares e a lecitina. Normalmente é um líquido fluido e de coloração verde escuro. Quando há o aumento na quantidade normal de uma dessas substâncias, pode se tornar insolúvel e começar a se precipitar e formar grumos na bile, iniciando a formação dos cálculos biliares. Os cálculos mais comuns são os cálculos de colesterol e geralmente eles são formados dentro da vesícula biliar. Aos cálculos ou pedras que estão dentro da vesícula biliar damos o nome de colelitíase. Quando os cálculos se formam ou estão localizados no colédoco, que é o ducto que leva a bile do fígado para o duodeno, damos o nome de coledocolitíase. Quando o cálculo obstrui a via de saída de vesícula, podemos ter as cólicas biliares e a colecistite aguda, que é a inflamação da vesícula biliar. Se os cálculos saírem da vesícula e obstruírem o ducto biliar principal podemos ter o que chamamos de colangite, que é a inflamação e infecção das vias biliares. Já a pancreatite aguda pode acontecer quando o cálculo migra da vesícula, passa através dos ductos biliares e atinge a papila duodenal, onde também desemboca o ducto pancreático.

Quem são as pessoas mais propensas a desenvolver os cálculos biliares?
Geralmente são mulheres com idades acima de 40 anos, que estão acima do seu peso ideal, e que têm vários filhos. É claro que pessoas do sexo masculino e mais raramente as crianças também têm cálculos biliares. Pessoas que perdem peso muito rápido têm probabilidade maior de desenvolver os cálculos e parece haver alguns outros fatores predisponentes como hereditariedade, gravidez e a dieta alimentar.

Como é feito o diagnóstico?

O melhor método para se fazer o diagnóstico da colelitíase é pela ultrassonografia do abdome, que é um exame barato, sem a necessidade do uso de contrastes e radiação.

Qual o tratamento?

Existem algumas substâncias como o ácido ursodesoxicólico, que tem o poder de dissolver os cálculos. A sua indicação atualmente é mínima, porque há a necessidade de uso prolongado (de seis meses a dois anos), tem custo alto e alta taxa de retorno da formação das pedras após cessar o seu uso. A melhor forma de tratamento é a cirurgia videolaparoscópica, onde o paciente é submetido à anestesia geral, é introduzido uma micro câmera dentro do abdome por uma pequena abertura e o cirurgião retira a vesícula biliar com o auxílio de algumas pinças especiais, que também são introduzidas no abdome, por pequenas aberturas de meio a um centímetro. A cirurgia dura por volta de trinta minutos e é muito segura se for realizada por uma equipe médica capacitada e em hospitais com recursos e materiais adequados.

O que acontece se eu não operar?

Se o paciente já tem sintomas é muito improvável que consiga ficar livre dos mesmos sem a cirurgia. O uso de antiespasmódicos e dieta pobre em gorduras pode ajudar. Se o cálculo estiver dentro da vesícula biliar e ficar preso no infundíbulo ou no ducto cístico, que é a via de saída da bile, pode haver colecistite aguda, que é a inflamação da vesícula biliar. Pode ser leve e resolver com antibióticos ou se tornar grave, com perfuração da vesícula e formação de fístulas (comunicações) da vesícula com o duodeno ou o intestino grosso. Se o cálculo migrar para o colédoco, teremos a chamada coledocolitíase. Quando isso acontece pode haver colangite (inflamação das vias biliares) e pancreatite (inflamação do pâncreas). Estas duas últimas condições (colangite e pancreatite) podem ser de fácil tratamento ou podem ser graves e até levar o paciente a óbito.
Se o paciente é assintomático há alguns autores que sugerem observação apenas. Eu sugiro que seja operado assim que possível, pois evitará os riscos de eventualmente apresentar qualquer um dos quadros descritos acima.

Posso viver bem sem a vesícula biliar? Posso comer de tudo depois da cirurgia?

Sim, é perfeitamente possível viver sem a vesícula biliar, pois a bile, como já foi dito, é produzida no fígado. No início pode até haver alguma intolerância a alimentos mais gordurosos, mas com o passar do tempo não é necessário qualquer tipo de restrição alimentar. Em poucos casos (menos de 2%) o paciente fica com o hábito intestinal mais rápido (intestinos mais solto), o que pode causar algum desconforto, mas isso frequentemente também melhora bastante com o tempo.

Quanto tempo leva para se voltar às ativi- dades do dia-a dia?

 Se a cirurgia for realizada por videolaparoscopia e for feita de forma eletiva, ou seja, sem urgência, o paciente geralmente recebe alta no dia seguinte, ficando no hospital menos de 24 horas. O retorno às atividades depende muito do tipo de atividade profissional que a pessoa exerce e da disposição pessoal. Assim, há alguns pacientes que não têm atividade física importante e que após 3 ou 4 dias já estão em seus escritórios, mas outros, como trabalhadores braçais, podem ficar até trinta dias afastados do seu trabalho.
Não há grandes limitações para atividades do dia-a-dia, como por exemplo, caminhar, subir escadas e dirigir, o que em geral pode ser feito desde os primeiros dias de pós-operatório.

Sintomas

A maioria das pessoas com pedras na vesícula é assintomática, ou seja, não sente nada e pode permanecer assim por muito tempo. Pode haver dor abdominal do tipo cólica, geralmente no epigástrio (boca do estômago) e um pouco mais para a direita logo abaixo das costelas. A dor é pior após a alimentação, mas pode acontecer só de sentirmos o cheiro de alguns alimentos (ex: frituras). Náuseas, vômitos e sensação de digestão ruim também são comuns. A intensidade e a frequência dos sintomas variam muito entre pessoas diferentes e num mesmo paciente durante o curso de sua doença. Febre e icterícia (amarelão da pele e dos olhos) sugerem complicações como colecistite aguda, que é a inflamação aguda da vesícula biliar e coledocolitíase, que já foi explicado anteriormente.

 

 

 

 

 

 

Médico especialista em Cirurgia Geral (RQE 23060) e Cirurgia do Aparelho Digestivo
(RQE 23061) trata das doenças do aparelho digestivo e faz as cirurgias relacionadas
a essas patologias e cirurgias para obesidade.
Facebook: gastrodrpaulopittelli | Site: www.drpaulopittelli.com.br

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