Os Estados Unidos escolheram uma nova Câmara dos Deputados, renovaram parte do Senado e elegeram 75% de novos governadores. Veja os principais destaques das “midterms” (eleições de meio de mandato), realizadas nesta terça-feira (6):
- Câmara: após 8 anos, o Partido Democrata voltou a ter maioria de deputados e pode complicar a 2ª metade do mandato do republicano Donald Trump. Até o momento, democratas elegeram 222 deputados e republicanos, 196. O voto maciço da classe média dos subúrbios e das mulheres – dois nichos frequentemente ofendidos pelo discurso de Trump – impulsionaram a vitória democrata, como analisa a colunista do G1 Sandra Cohen.
- Senado: os republicanos conseguiram manter maioria no Senado, com 51 assentos. Democratas ficam com 44 cadeiras. Segundo o jornal “The New York Times”, a vitória de Trump no Senado veio, principalmente, dos votos obtidos em bastiões conservadores, como as áreas rurais, onde a popularidade do presidente se manteve ou aumentou em relação a 2016.
- Consequências para Trump: majoritariamente democrata, a Câmara deve barrar projetos do presidente, como a construção do muro no México ou a revogação do Obamacare. Os deputados também poderão investigar as declarações fiscais de Trump, possíveis conflitos de interesse empresariais e alegações envolvendo a campanha do presidente em 2016 e a Rússia. Já no Senado a vitória é uma garantia contra um eventual processo de impeachment. E, juntamente como o resultado nos estados, dificulta o cenário para os democratas na disputa contra Trump em 2020, escreve o colunista do G1 Hélio Gurovitz.
- Estados: serão ao menos 25 governadores republicanos e 22 democratas (três estados ainda não divulgaram resultados). O partido Democrata venceu em 7 estados onde Trump foi vitorioso em 2016: Nevada, Novo México, Kansas, Wisconsin, Illinois, Michigan, e Maine.
- Flórida: Os republicamos venceram por uma pequena diferença de votos tanto a disputa pelo governo como pelo Senado, o que mostra a força local de Trump num dos principais estados-pêndulo – como são chamados aqueles que não tem preferência partidária definida – dos EUA.
- Maior participação de mulheres: Até a manhã desta quarta, 92 mulheres haviam sido eleitas para a Câmara, superando o recorde anterior, de 84. Já no Senado, 10 mulheres foram eleitas, elevando o número total de mulheres que atuarão no Senado para 23. A Casa possui 100 cadeiras, sendo que 35 delas estavam em disputa.
- Minorias: pela primeira vez, os EUA elegeram representantes de minorias como muçulmanos, indígenas e refugiados. Também foi escolhido o primeiro governador abertamente gay.
- Maconha: além de eleger novos representantes, alguns estados fizeram consultas públicas. Uma delas tratou do uso da maconha. Missouri aprovou o uso de maconha medicinal. O estado da Dakota do Sul barrou o uso recreativo.
- Possível recorde de eleitores: Os números de votantes ainda não saíram, mas jornais americanos mostraram longas filas para votar em vários estados e citam projeções de participação recorde em eleições de meio de mandato.
- Apostas para 2020: O democrata Beto O’Rourke, que perdeu o Senado do Texas para Ted Cruz, conseguiu bater recorde de arrecadação para campanhas, ganhou projeção nacional e começa a ser mencionado como possível candidato à presidência em 2020. Do lado republicano, o cogitado é Mitt Romney, ex-governador do Massachusetts, que em 2012 concorreu à presidência contra Barack Obama e voltou agora à política como senador por Utah. Ele é especulado como candidato para desafiar Trump em 2020 ou tentar um terceiro mandato republicano em 2024.